Célia Flor de Cerejeira
Ofereci
a Célia uma flor de cerejeira pela Primavera
por a
achar serena
linda e
perfumada como ela
A brisa
primaveril espalhava pétalas mil pela Natureza
com a
mesma delicada leveza
com que
o olhar de Célia
o seu
sorriso
e o seu
odor
se
transformam em amor
Em breve
a meiga cerejeira
que
antes se enfeitara de brancas flores
se
coroou de cerejas encarnadas
provocantes
luzidias
apetecidos
sabores
Mas a
flor que ofereci a Célia por pura brincadeira
apenas
sorriu nos lábios dela
algumas
luminosas manhãs
menos
tempo que as flores suas irmãs
duraram
nos ramos da cerejeira
Num
ápice as suas pétalas se evolaram
em
etéreos beijos
e ternas
apalpadelas
Tudo não
passou de um fugaz amor
de um
equívoco de Primavera
que
murchou sem frutificar
porque
aquela flor não me pertencia
e eu não
deveria
tê-la
dado à Célia
sem a
amar de verdade
Pertencia
sim à cerejeira de onde viera
mesa
posta de fruta apetecida agora oferecida pela Primavera
para ser
fruída por todos os seres
que se
alimentam de desejos
de
beijos
de
poemas
e de cerejas
in
“Mulheres de Amor Inventadas”
Vale de Salgueiro, 26 de Março de 2008
Henrique António Pedro
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