Poderá ser só oxigénio e vapor de água
pairando etéreos sobre as colinas
arroteadas
em que medram videiras
rejuvenescidas
oliveiras prateadas
amendoeiras floridas no alvor da Primavera
Poderá ser só o suor
que o corpo transpira
e se evapora em diáfana nebulosidade
que reflecte e refracta com verdade
o vapor de amor
que do espírito se evola
e se transmuta em telúrica alegra
Poderá ser só o ar
que espírito respira
e pelos pulmões expele
condensado em bafo de poesia
Poderá ser só tudo isso
tudo que o poeta só
almeja
Vapor de amor e de água
também
nada que se veja
Mágoa de alguma alma enamorada
submersa na poética neblina
aspergida por aí
e por além
Poderá ser só nada
ninguém
e mais alguém
in Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de
2016)