No dia em que eu morrer apagar-se-ão todas as luzes da Terra
e todas as estrelas do céu
o Sol pôr-se-á para não mais nascer
porque os meus olhos fechados nada mais poderão ver
O mundo acabará nesse dia
para mim
Quando eu morrer calar-se-ão os todos os canhões
os corações deixarão de bater
os meus ouvidos silenciados
tão pouco o cântico das aves poderão ouvir
Deixará de haver tempestades na terra e no mar
cães a latir
crianças a chorar
as flores deixarão de perfumar o ar
e de colorir os campos
porque eu não estarei lá para os apreciar e sentir
Todas as lembranças de criança
sonhos de glória
a história da minha vida sentida
se apagarão da memória nesse dia
O mundo cobrir-se-á de um manto de tristeza
sem sentido
porque morrerei sem ter sido tido nem achado
e embora viva apaixonado
ainda hoje não sei porque nasci
e também não saberei
porque morri
Resta-me contudo a esperança
a fugaz alegria
de que o mundo não se acabará para mim no dia em que eu morrer
se uma só boa pessoa continuar a ler
a minha poesia
Vale de Salgueiro, terça-feira, 5 de dezembro de 2017
Henrique António Pedro
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