Eu estava ali de passagem
E não ia a fim de me prender
Nem tão pouco andava à procura de
um inopinado prazer
Ela olhou-me à hora de jantar
Com um inexpressivo olhar
Um sorriso sedutor
Ambíguo de interesse
E de certa superioridade
Eu mirei-a de soslaio
Apreciando a sua elegante sensualidade
Sem lhe dar a entender
De alguma forma me interessar
Porém…
Na última noite da minha curta
estadia
Percebi que a porta do meu
quarto
Muito de mansinho se abria
Para deixar passar alguém
Era ela!
Fingi que dormia
Enquanto sentia
Que se deitava a meu lado
Qual amante clandestina
E me segredava em surdina
Perante o meu espanto
Que poderia matar ou morrer
Mas que preferia viver
Que estava ali apenas para amar
E melhor seria
Portanto
Que eu ficasse calado
E a possuísse
Apaixonado
Lá teria a sua razão
Pensei para comigo
Melhor seria não forçar o
destino
Já que nunca entendi bem
O coração feminino
E assim…
Mais por ela
Que por mim
Aquela fortuita noite de Verão
Converteu-se em fogo
Num frenesim
Num vulcão
Num dramático acto
De prazer e paixão
E só quando ela se retirou
Sorrateira como entrou
Continuando eu acordado
Me apercebi pela janela
entreaberta
Que o céu estava lindo
Estrelado
Vale de Salgueiro, sexta-feira,
14 de Novembro de 2008
Henrique Pedro
in
Mulheres de Amor Inventadas
Copyright
© Henrique Pedro (prosaYpoesia)
1.ª
Edição, Outubro de 2013
Depósito
legal n.º 364778/13
ISBN:
978-989-97577-2-1