Fixo
o olhar
em nenhum lugar
e sem nada ver
Deixo o tempo correr
em
silêncio
Ouço o relógio do Cosmos
a tiquetaquear
o cronómetro da vida
a gemer
A pedra em que reclino a cabeça
trilha-me a pele do crânio
o coração
espontâneo
entra a palpitar
Porque se não liberta já de mim a minha alma?
Porque não saio eu de mim?
Será que alma não tenho?
Porque continuo assim
prisioneiro de ossos e músculos
glândulas e vísceras
de ideias abstrusas
e
sem nexo?
Porque me amarro ao espaço
e ao tempo
se o espaço se limita no infinito
e o tempo se esgota na eternidade?
Se alma eu não tivesse
o meu corpo dono não teria
e ficaria ao abandono
Ao deus-dará
Vale de Salgueiro, quinta-feira, 21 de Junho de
2012
Henrique António Pedro
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