Já longa vai a vigília na pétrea catedral
em que aguardo ser armado cavaleiro
cósmico menestrel
guardião do templo sideral
O elmo
a pena
a espada
o tinteiro
o hábito de burel
repousam a meu lado
Iluminado pela luz da poesia
preparo-me para investir
mal veja luzir
a luz do dia
Será que por alguém sou amado?!
É a minha dúvida crucial
Em que deserto
em que oásis
em que chama
em que cama se aquece
e adormece
a minha dama
que a não vejo sorrir?
Já a saudade me desfalece
e na dúvida me balouço
Será que ela existe
que tem rosto de mulher
de menina
de espectro do além?
Alma tem
e de rainha
que interage com a minha
Já braços não que não me abraçam!
Nem voz que a não ouço!
Quando a vigília terminar
e o sol se abrir
se irá ela revelar
e a mim me redimir
Vale de Salgueiro, segunda-feira,
12 de Outubro de 2009
Henrique António Pedro
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