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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Estarei no messenger, mais logo, para lhe falar



Aqui
O vento que se levantou ao fim do dia
Já veio tarde
Mas deu para limpar o céu
Das negras nuvens do fumo dos incêndios florestais

Ademais
O Firmamento está agora límpido
Cerúleo
Cristalino

Dá para ver na perfeição a Via Láctea
Que se distende na direcção Norte-Sul
E se me enrodilha na Razão
Salpicada de estrelas bruxuleantes
Rangendo de silêncio

Imagino que aí
Do lugar em que te encontras
Duma janela de um vigésimo terceiro andar
Dá para veres
Por certo e na perfeição
O arco da Baía de Guanabara
Em todo o seu esplendor
De som e néon

E ouvir
O bater do seu coração

Fantástica é a poesia
Que nos dá olhos para ver
E ouvir
Com amor e alegria
Coisas tão distintas
E ainda mais
O indistinto que certas coisas têm

E que diferença faz a pesada espiritualidade
Da minha vista
Da suave sensualidade
Do seu olhar?

Nenhuma

Na minha
Uma mulher nua
Láctea
Toca violino
Ao luar

Na sua
Um homem se despe
Doirado
No mar

Estarei no messenger
Mais logo
Para lhe falar


terça-feira, 10 de outubro de 2017

Eyjafjallajokull



Lá na distante e fria Islândia
uma mulher frívola e fulva
linda como a Lua
cavalgava nua
montada no cavalo de desejo
à procura de alguém
que lhe desse um beijo

E tão forte era o seu desejo e o seu trotear
que o vulcão Eyjafjallajokull acordou
e de imediato se pôs a ejacular
lava e cinza vulcânica
que obscureceu os céus da Europa oceânica
com véus de ansiedade

Foi quanto bastou
para que os europeus não pudessem respirar
e os aviões deixassem de poder voar
até que vulcão Eyjafjallajokull amainou

A Mãe Natureza manda na Terra de verdade
pare o homem de a provocar


sexta-feira, 29 de setembro de 2017

No auge do Verão







Inesperadamente
Milhares de borboletas brancas
Predominantemente
Também raiadas
Coloridas
Delicadas
Saídas de todos cantos
Dos nadas
Tomaram conta do jardim

Saciadas da sede de amor
E de água
Apenas lhes apetece voar
E são tantas
A esvoaçar à minha roda
Que já nem há mais espaço para onde ir
E eu não tenho outro remédio
Tão despudorado é o assédio
Senão deixar os meus poemas
Voar com elas
Saltitando por entre as rosas
E o jasmim


É tempo de festejar o auge do Verão
Antes que o vento frio de Outono
As faça cair de novo no sono
Hibernal
Regressando aos cantos dos nadas
De onde vieram
Para por lá ficarem pasmadas
Larvares
Monstruosas

Os meus poemas permanecerão acordados
Durante todo o ano
Engravidados de poesia
Sempre a adejar
Em torno de mim

Já sinto a nostalgia


terça-feira, 29 de agosto de 2017

Ainda há lágrimas por chorar, Hiroshima



Ainda há lágrimas por chorar, Hiroshima

(Horoshima foi a primeira cidade da História a ser arrasada por uma bomba atómica, lançada em 6 de Agosto de 1945, que terá causado mais 250 mil mortos e feridos.)


Ainda há lágrimas por chorar

Hiroshima

 

Ainda há holocaustos por exorcizar

não é ainda a Paz

que os homens anima

é já tempo de parar

 

Já é tempo de por fim à fome e à guerra

à mentira e a miséria

à política falaz

que assola toda a Terra

 

Tempo de fazer valer a Verdade

tempo de quem já nada espera

voltar a ter tempo de acreditar

tempo de gritar

Liberdade

 

Tempo de os homens serem homens

de os homens serem

Humanidade

 

Já é tempo

antes que seja demasiado

tarde

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 6 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro


 




domingo, 6 de agosto de 2017

Seara ondulante




Seara ondulante

liana enleante

o vento do amor a faz ondular

 

Lago de perfume que inalo

oceano de virtude

mar de engano

funesto arcano

nele se afundam meus dedos

em mil ternuras

sem medos

de se afogar

 

Cabelo de mulher…

 

Mil cordas de cítara a gemer

que me delicia dedilhar

melodias de entontecer

céu de espiritualidade

 

Crina de égua a relinchar

ululante de prazer

 

Cabelo de mulher…

 

Que sublime prazer

me dá

afagar

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 19 de Fevereiro de 2010

Henrique António Pedro

sábado, 5 de agosto de 2017

Cento e cinquenta e seis badaladas






Cento e cinquenta e seis badaladas concertadas
o dia tem
mais a melodia que o nosso coração
bate no ventre de nossa mãe
que ela ouve
mas nós não ouvimos não

Doze badaladas que o coração bate ao meio dia
como cão a latir

Ruidosas
apressadas
pressurosas
a fugir
a saltar fora do peito
a viver sem jeito
fora de si

Doze badaladas que o coração bate à meia-noite
como vento a rugir
já fora de tempo

Langorosas
arrastadas
pesarosas
até parar
e cair
no esquecimento

Mais as badaladas silenciadas
quando dormimos
ou não sentimos
o coração bater por ninguém

Cento e cinquenta e seis badaladas compassadas
o coração bate hora a hora
dia a dia
mundo fora
aqui
ali
além
embora não saibamos quantos dias
a vida
sofrida
tem