Cento e cinquenta e seis badaladas concertadas
o dia tem
mais a melodia que o nosso coração
bate no ventre de nossa mãe
bate no ventre de nossa mãe
que ela ouve
mas nós não ouvimos não
Doze badaladas que o coração bate ao meio dia
como cão a latir
Ruidosas
apressadas
pressurosas
a fugir
a saltar fora do peito
a viver sem jeito
fora de si
Doze badaladas que o coração bate à meia-noite
como vento a rugir
já fora de tempo
Langorosas
arrastadas
pesarosas
até parar
e cair
no esquecimento
Mais as badaladas silenciadas
quando dormimos
ou não sentimos
o coração bater por ninguém
Cento e cinquenta e seis badaladas compassadas
o coração bate hora a hora
dia a dia
mundo fora
aqui
ali
além
embora não saibamos quantos dias
a vida
sofrida
tem
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