Almas há em
que nunca floriu uma flor
um sorriso se
abriu sequer
Desertos
despidos de vida e de amor
onde nunca
ninguém nasceu
e tão pouco
morreu
Espaços
gelados mergulhados no silêncio do nada
que apenas os
poetas pressentem e entendem
Locais onde
não há paz nem guerra
onde a própria
Terra jaz
a tremer de
medo de ser perpassada
por uma nova autoestrada
Sítios em que
a Natureza se faz ouvir com aspereza
desumanizada
onde os poetas
soltam ventos
poemas
afectos
saudades
angústias
dilemas
e dores
e fazem sentir
suas tempestades interiores
É nesses
plainos ermados
desarmados
que eu abro
caminho
a pé
a passo de
criança
à procura de planos
interiores
em que haja sinais
de fé e de esperança
Hiperespaços de
poesia e nostalgia
em que a soledade
e a solidão
são sinais visíveis
de humanização
Ermos
abandonados que povoo
com os poemas
da minha condição
Vale de Salgueiro, sexta-feira, 13 de Novembro de 2009
Henrique António Pedro