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sábado, 26 de janeiro de 2013

Vejo-me nos seus olhos




Assim ela melhor se mostra
e se denuncia
e melhor eu a vejo
e com mais força mais a desejo

Vejo-me nos seus olhos

Vejo nos seus olhos o que lhe vai na alma
e tudo que os seus lábios
e palavras
escondem

Ouço o silêncio
do seu sorriso

A partir daqui invento-a
e reinvento-me a mim

Levado nas asas da imaginação
e do vento
sopro
da paixão

^^^^

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Uma mulher apaixonada




UMA MULHER APAIXONADA

in Mulheres de Amor Inventadas (1.ª Edição, Outubro de 2013)

 

Escreve-me

 

Para me dizer

que é uma mulher apaixonada

mas não me diz

por quem anda enamorada

 

Depreendo

se bem a entendo

que seja por mim

embora eu nada tenho a ver com tal

 

Por isso

e pelo sim

e pelo não

respondo-lhe

em manobra de diversão

que também eu sou

um eterno enamorado

por carácter um apaixonado

Emotivo, Activo, secundário (EAs)

tal e qual

 

E que para melhor me compreender

Emst Kretschmer deve ler

já que a questão é de caracterologia

embora a trate eu com poesia

 

Se leu o que lhe recomendei

não sei

 

Certo é que de pronto se desapaixonou

e que por bem ou por mal

nunca mais me escreveu

ou me falou

 

Não era uma apaixonada

não

muito menos uma Passionária

do coração

 

Era só uma sentimental

Emotiva, Activa, primária (EAs)

 

Poeta dixit

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 9 de Agosto de 2010

Henrique António Pedro

 

 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sons




A gota da clepsidra
seja de areia ou de água
acerta a vida
nada diz da mágoa

O som do diapasão
afina o tom
do violão

O sinal do sino
convida à oração

O longo ecoar do gongo
mais parece um lamento
a toar o tempo

A toque de caixa
ninguém se rebaixa

O rugido de leão
na savana
a ninguém engana

O barrido do elefante
que raspa o chão
tonitruante
dizem ser parecido
com o som da vuvuzela
e que não há outro como o dela

Deixa um zunido
enorme
no ouvido
causa dor
e faz toar a Razão

Mas não faz esquecer
a fome
seja de falta de amor
ou de pão

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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Trago um sentimento ágrafo agrafado no peito



Trago um sentimento ágrafo

agrafado no peito

atravessado

na garganta

 

Abafado

sem jeito

 

Incapaz de expressar

seja a escrever

ou a falar

a mim mesmo me espanta

 

Tomara ter a coragem

uma aragem

para lhe dizer

e lhe confessar

que a amo

 

Mas temo ser traído

pelo vento

 

Mal ela sabe com ando sofrido

da raiva que derramo

dentro de mim

por ser assim

 

Mas eu a amo

 

Dói-me só de pensar

 

Vale de Salgueiro, domingo, 6 de Março de 2011

Henrique António Pedro

 

domingo, 20 de janeiro de 2013

Uma chávena de angústia






Entrou de mansinho

surgida da rua

vestida de lua

e sentou-se na mesa ao lado da minha

vida 


Pediu uma chávena de porcelana

imaculada

vazia

de nada


Que encheu de angústia

adoçou com amargura

e mexeu

com a colher da poesia

por entre vapores de Baco

e baforadas de tabaco


Despediu-se sem alegria 

quando eu já bebia

de pé

a minha chávena de café

e de ansiedade


Remexeu

comigo

aquela mulher


Tanto que a impressão carmim

dos seus lábios

rubros de sensualidade

no bordo da chávena de porcelana

imaculada

permanece indelével

dentro de mim

 

in Mulheres de Amor Inventadas

(1.ª Edição, Outubro de 2013)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A samarra transmontana


 

É uma relíquia transmontana
Esta nossa veneranda samarra
Sendo típica veste de montanha
Na verdade, nada tem de bizarra

A pele doirada, de cor piçarra
De dócil raposa sacrificada
À vaidade que lhe deitou a garra
Tem a docilidade entranhada

É indumentária de estação
Que protege do frio no Inverno
Aquecendo corpo e coração.

Todos, no meu Trás-os-Montes paterno
A vestiam bem e com distinção. 
Era, afinal, um sinal fraterno!

Vale de Salgueiro, sábado, 21 de Agosto de 2010
Henrique Pedro