O soldadinho chora
Chora lágrimas
suor
sangue
e saudade
capazes de o matar
embora
de nada lhe sirva chorar
Ainda assim o soldadinho
chora baixinho
calado
teme morrer
sem voltar
É longe demais o Além
para lá ir
e voltar
E sua mãe
em permanente oração
não pára de o chamar
para mais perto
do lar
Oh que apertado aperto de coração!
É longe demais o além
para lá ir
e voltar
Henrique António Pedro
Que se lhe abram todas as velhas chagas
ResponderEliminarE o sangue lhe verta do infeliz olhar
Enquanto as suas mãos se fecham
Como as flores que murcham
E assim, doces, morrem par a par
Na hora de todas as pragas
Que as armas se troquem por cantores
E as vozes lhes derretam a vontade
Enquanto uns escassos sorrisos
Se atreverem a moldar juízos
De ditadores sem piedade
Na hora de todos os horrores
Que cada tiro seja um beijo amigo
E os corpos se entrelacem entre si
Enquanto as palavras se apuram
Com significados que perduram
No tempo, em mim e em ti
Nas horas de nenhum perigo