Despaixão
Já não és mais a flor amorosa
viçosa
perfumada
A rosa inflamada pelo desejo despótico
que germinava no húmus erótico
dos nossos corpos juvenis
Já nem tu mesma sorris
só de te lembrares
És agora uma rosa estiolada
que seguro pelo pé
já sem fé
com cuidado
contudo
Não com medo de ser picado
mas porque sei que o mais delicado movimento
o mais suave sopro de vento
te fará despetalar
Foi o sopro
o cicio do tempo
perdido o cio
que colocou no vazio do meu coração
as pétalas da despaixão
Inexoravelmente
Já as pétalas te caem aos pés
Já nem eu sou
o que fui
É cruel
mas é
Até sempre
Vale de Salgueiro, sábado, 19 de Junho de 2010
Henrique António Pedro
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