Nestes
dias anormais
esgaravato
raízes de poemas
no húmus
humedecido
pelas
primeiras chuvas outonais
Quando
a Natureza de novo sorri
verdejante
e florida
iludida
travestida
de Primavera
quando
o longo e frio Inverno
já a
espera
Desenterro
apenas dilemas
angústias
e ansiedades
que
exponho ao vento e à chuva
ao sol
morno de Outono
Angústias
sem razão de ser
dilemas
de verdades
ansiedade
sem casualidade
que o
sol não estiola
a
chuva não dilui
nem o
vento as leva para longe
Sou
apenas mais um eu que a si mesmo se imola
As
aves passam indiferentes
em
voos sorrateiros
procurando
sementes nos terreiros
e não
poemas dementes
E os
cães ladram com desnorte
porque
o frémito da minha melancolia
lhe
fere os tímpanos
e lhes
causa frenesia
Ponho-me
então a imaginar como será viver
para
lá da morte
sem
mais sofrer
Delírio
que arrasta consigo todos os meus afectos
para
espaços mais amplos e abertos
e assim
a minha angústia se dilui
e o
meu espírito mais se abre e adensa
Comprovadamente
já não serei o que era suposto ser
nem a
minha alma mais se lamenta
Acabo
por adormecer ao sol morno do outono da vida
na
esperança de que serei muito mais do que tudo que sonhei
Vale de Salgueiro, quarta-feira, 4 de Novembro
de 2009
Henrique António Pedro
Leia mais no link seguinte:
https://henriquepedro.blogspot.com/2022/09/adormecendo-ao-sol-morno-de-outono.html
Sem comentários:
Enviar um comentário