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sábado, 19 de outubro de 2024

A vida só tem sentido se poesia tem



Valeu a pena ter lutado

se o combate se perdeu?

 

Ter jogado

se o jogo se não ganhou?

 

Ter acreditado

se tudo se frustrou?

 

Ter amado

se amado se não foi?

 

Vale a pena viver se acabamos por morrer?

 

Tudo vale a pena e tem sentido se com amor se viver

 

A poesia só vale a pena e tem sentido

se o poeta ousar viver

e procurar a razão de ser e de sofrer

a melhor forma de mais amar

e de bem-fazer

 

A poesia só vale a pena e tem sentido

se o poeta se não dá por vencido

e com seus versos a si se liberta

e a mais alguém

dá liberdade

também

 

A vida não perde sentido na morte

nem na má sorte

e a poesia só perde a razão de ser

se o poeta ousar esquecer o coração

 

A vida só tem sentido se poesia tem

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 08 de Maio de 2014

Henrique António Pedro

 

 

 

 

terça-feira, 15 de outubro de 2024

A Lei Maior do Amor


Aprendi

no muito que já amei e sofri

que o amor e a alegria

assim como a poesia

são potenciados

se partilhados

 

E que o expoente da potência que os potencia

é igual ao número daqueles

com quem amor

alegria

e poesia

se partilha

 

Inversamente

a paixão

reduz-se a dois

que se não ousarem a mais alguém amar

acabarão por se separar

e sofrer

depois

 

É por isso lícito pensar

que sem partilha não há amor

podendo

embora

a paixão acontecer

e mais nos fazer sofrer

 

E também que se alguém se atrever

à Humanidade bem querer

com todo o seu coração

e por ela se fazer amar

acontecerá, então

a Iluminação

 

Esta a Lei Maior do Amor

que em Jesus Cristo

tem o seu maior esplendor

 

Isto eu aprendi

no muito que já amei e sofri

 

Vale de Salgueiro, sábado, 23 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro

 

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Que princípio nos faz nascer e morrer e com que fim?


Não me custa entender

custa-me sim aceitar

que tudo que tem princípio

tenha que ter fim

que o mesmo é para quem vive

morrer

 

Mais me apraz admitir

ainda assim

que tudo que tem princípio

deva ter um objectivo

uma finalidade

em boa verdade

um fim

 

Não

simplesmente

fim

 

Sendo que o meio

de permeio

 é um grande anseio

 

Que princípio então

nos faz nascer

e morrer

e com que fim?

 

Que princípio então

nos faz nascer

e morrer

e com que fim?

 

E estará o princípio no fim

ou o fim no princípio?

 

Só o sabe Deus

Deus

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 13 de Julho de 2010

Henrique António Pedro

 

 

domingo, 6 de outubro de 2024

Risco um verso, acende-se um poema



Risco um verso

acende-se um poema

e mais se ateia a lareira da saudade

 

Assim de coração ao fogo exposto

as labaredas lambem-me o rosto

com o calor ardente da verdade

 

São troncos secos da minha história

achas da minha memória

que ardem

e me aquecem sem me queimar

lembranças de amantes que me enlaçam

inebriantes

 

São chamas

hologramas que me vêm beijar

e aquecer o coração

 

Estendo-lhes a mão para as acariciar

 

São quimeras

que aparecem

aquecem

e logo desaparecem

 

Apenas deixam o dilema

a essência do fogo

e a cinza quente do poema

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 24 de Novembro de 2008

Henrique António Pedro

 

sábado, 5 de outubro de 2024

Angústia q.b.

 


Uma angústia larvar me apoquenta desde que me conheço

e que em vão procuro decifrar

 

Não é problema de salário ou de pão

 

Muito menos da conta da electricidade

da falta de fama ou de glória

ou de males de coração

 

Sinto-me feliz fora da História

e se a energia eléctrica falhar

passarei bem sem internet e a televisão

porque tenho o sol e as estrelas para me alumiar

 

Amor?!

Tenho muito para dar

não para vender

e pão…

até ver não tem sido preocupação

 

Também não tenho

tanto quanto sei

qualquer glândula avariada

o meu cérebro não sofreu qualquer pancada

e nesta estrada de angústia já aprendi a caminhar

 

São coisas mais complexas e etéreas que me afligem

e eu não sei explicar

 

É um tudo-nada de angústia

uma angústia de nada

angústia q.b.

que converto em poesia com alguma fantasia

e pura vontade de partilhar

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 17 de Janeiro de 2011

Henrique António Pedro

 

 

terça-feira, 1 de outubro de 2024

NO OUTONO DA VIDA


Nestes dias anormais

esgaravato raízes de poemas

no húmus humedecido

pelas primeiras chuvas outonais

 

Quando a Natureza de novo sorri

verdejante e florida

iludida

travestida de Primavera

quando o longo e frio Inverno

já a espera

 

Desenterro apenas dilemas

angústias e ansiedades

que exponho ao vento e à chuva

ao sol morno de Outono

 

Angústias sem razão de ser

dilemas de verdades

ansiedade sem casualidade

que o sol não estiola

a chuva não dilui

nem o vento as leva para longe

 

Sou apenas mais um eu que a si mesmo se imola

 

As aves passam indiferentes

em voos sorrateiros

procurando sementes nos terreiros

e não poemas dementes

 

E os cães ladram com desnorte

porque o frémito da minha melancolia

lhe fere os tímpanos

e lhes causa frenesia

 

Ponho-me então a imaginar como será viver

para lá da morte

sem mais sofrer

 

Delírio que arrasta consigo todos os meus afectos

para espaços mais amplos e abertos

e assim a minha angústia se dilui

e o meu espírito mais se abre e adensa

 

Comprovadamente já não serei o que era suposto ser

nem a minha alma mais se lamenta

 

Acabo por adormecer ao sol morno do outono da vida

na esperança de que serei muito mais do que tudo que sonhei

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 4 de Novembro de 2009

Henrique António Pedro

 

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