Muitas
ideias deslavadas
surgem-me
na casa de banho
no vulgo
wc
enquanto
me lavo, afeito, barbeio e amanho
ou
faço coisas menos perfumadas
já
se vê
Quando
me vejo ao espelho
e reparo
que um certo “eu” me olha olhos nos olhos
poético
patético
calado
ensaboado
ou quando
me dou conta que mais um cabelo caiu
ou que
uma nova flor de ruga floriu
Há
pensamentos que batem no vidro
e
se reflectem em retorno
como
se de meras imagens se tratasse
e
vêm refractar-se em mil cambiantes de angústia
no
espelho embaciado da minha alma
Mas
quando alguma ideia mais angustiada
cheira
mal que tresanda
ou
me causa dor
lanço
mão do vaporizador
e
purifico o espírito e o ar
com
borrifos de lavanda
Como
se vê
até
no wc há lugar para a fantasia
quando
se tem a alma inundada de poesia
Vale
de Salgueiro, quinta-feira, 13 de Novembro de 2008
Henrique
António Pedro