Sentados
à lareira da saudade
Vivíamos os dias
quais aves
leves
livres
felizes
a voar
em bando
De asas a adejar
a acenar
amando
E as noites pousados nos ramos das árvores
a sonhar
Foi assim o nosso brando viver
sem sabermos que coisa era morrer
Até que a vida virou debandada de aves a voar
de asas adejar
a acenar
a dizer adeus
Sentados agora à lareira da saudade
partilhamos o pão da amizade
o mosto da alegria
a doçura da nostalgia
Quem somos nós, afinal?
Somos o suor do rosto de nossos pais
as lágrimas da face de nossas mães
a água cristalina que canta na garganta
nas tardes cálidas verão
a chama da lareira que arde no coração
a quietude dos olivais
a virtude dos trigais
O milagre intemporal
desta nostalgia agridoce
que se abre na Eternidade
Vale de Salgueiro, terça-feira, 16 de Março de
2010
Henrique António Pedro
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