Habituei-me a vê-la, por ali
com ar convidativo, descarada
no seu “trotoir” chamativo
de carteira a cirandar na mão
debaixo de um pinheiro manso
mesmo à beira da estrada
no frondoso parque de Monsanto
sabe-se lá em que esconso remanso
guardava ela o seu coração
Era jovem, elegante e vistosa
vestia minissaia cor-de-rosa
blusa transparente cor de salmão
não era uma puta qualquer
era sim, mais uma mulher
Eu passava a correr, ofegante
nos meus “footings” matinais
mas não lhe falava
nem ela comigo se importava
mais atenta que estava à estrada
de onde vinha o seu ganha-pão
Mas um dia … nunca mais a vi!
Qual não foi o meu espanto
quando soube pelos jornais
que fora encontrada assassinada, por ali
em pleno parque de Monsanto
Comprei uma rosa, com espinhos
da cor da sua minissaia
e quando por lá voltei a passar
pelos habituais caminhos
do meu “footing” matinal
desta vez parei, para lhe falar
como se o fizesse do habitual
para colocar a flor
com respeitoso amor
sobre um tufo espontâneo de feno
e coloridos malmequeres
Dediquei-lhe uma breve e sentida oração
e não resistindo ao impulso blasfemo
que me saiu, directo, do coração
gritei para comigo, entristecido:
- É bem “puta” a vida, para certas mulheres!
com ar convidativo, descarada
no seu “trotoir” chamativo
de carteira a cirandar na mão
debaixo de um pinheiro manso
mesmo à beira da estrada
no frondoso parque de Monsanto
sabe-se lá em que esconso remanso
guardava ela o seu coração
Era jovem, elegante e vistosa
vestia minissaia cor-de-rosa
blusa transparente cor de salmão
não era uma puta qualquer
era sim, mais uma mulher
Eu passava a correr, ofegante
nos meus “footings” matinais
mas não lhe falava
nem ela comigo se importava
mais atenta que estava à estrada
de onde vinha o seu ganha-pão
Mas um dia … nunca mais a vi!
Qual não foi o meu espanto
quando soube pelos jornais
que fora encontrada assassinada, por ali
em pleno parque de Monsanto
Comprei uma rosa, com espinhos
da cor da sua minissaia
e quando por lá voltei a passar
pelos habituais caminhos
do meu “footing” matinal
desta vez parei, para lhe falar
como se o fizesse do habitual
para colocar a flor
com respeitoso amor
sobre um tufo espontâneo de feno
e coloridos malmequeres
Dediquei-lhe uma breve e sentida oração
e não resistindo ao impulso blasfemo
que me saiu, directo, do coração
gritei para comigo, entristecido:
- É bem “puta” a vida, para certas mulheres!
in
"Mulheres de Amor Inventadas" (Henrique Pedro-2013)
Concordo...
ResponderEliminarNão é nada fácil a vida da mulher de vida fácil.
Agradeço a sua visita e o comentário oportuna, distinto amigo Hermes. Abraço fraterno.
ResponderEliminarForte o seu poema, retrato de uma vida e da experiência, Parabéns pela composição
ResponderEliminarÉ verdade, distinta amiga Thereza. Homens ou mulheres nunca deixamos de o ser sejam quais forem as circunstâncias. Obrigado pela sua visita e comentário. Abraço.
EliminarBom Dia Amigo,
ResponderEliminarUm poema tocante
É o retrato de antas outras mulheres para quem a vida é mesmo uma "puta" de vida.
Votos de bom fim de semana
Beijinhos
Distinta amiga Susana, fico muito contente com a sua visita e o seu comentário. Obrigado. Abraço fraterno.
ResponderEliminarBom dia meu nobre amigo Henrique Pedro, muito tocante sensível e de grande profundidade o seu poema. Obrigado pela partilha. Desejo-lhe um esplendoroso fim de semana. Beijinhos
ResponderEliminarBom dia estimada amiga Alice. Fico encantado com a sua visita e a generosidade do seu comentário. As maiores felicidades para si. Bjs
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarInfelizmente... Um poema que marca um contraste: a mulher na espera, o bonito gesto final! Intenso! Um abraço.
ResponderEliminarResponder
Ilustre amiga Béti
EliminarUm leitura interessante a sua. Agradeço a sua visita. Abraço.
Boa tarde amigo, muito bom mesmo.
ResponderEliminarUm abraço querido.😘
Agradeço a sua visita e a generosidade de suas palavras.
EliminarExcelente, Henrique.
ResponderEliminarMulheres de vida fácil?
Uma porra...
Excelente henrique.
ResponderEliminarMulheres de vida fácil? Uma porra...
Uma vida bem difícil pelo que se sabe. Abraço fraterno.
EliminarÉs sensível e humanista. Nunca a voz te doa, meu grande amigo.
ResponderEliminarAssim somos e não temos emenda, carissimo Duarte Manuel. Obrigado. Abraço.
EliminarMuito bom, Pedro. Gostei. Um abraço! (Y)
ResponderEliminarObrigado amigo e camarada. Abraço.
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