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terça-feira, 17 de setembro de 2019

Estrela do poeta e do pastor.




Quando o Sol se põe e muda de posição
deixando atrás de si um resplendor alaranjado
que se desvanece e me deixa extasiado
enquanto o céu escurece
e a Terra se encobre de escuridão


Já a Lua brilha cristalina
já se acende a estrela  vespertina 
a estrela do poeta e do pastor
depois outra após outra marchetando o Firmamento
que por fim se ilumina
de um cerúleo polimento mais abrangente

Nenhuma ideia brilhante
nenhuma palavra redundante
uma rima sequer de dor ou de amor
indiciam poemas na minha mente

Nem eu tristonho me predisponho a poetar
assim mergulhado na soledade do fim do dia
extasiado com a serenidade da contemplação
sob o olhar da Lua que em silêncio percorre o céu
e me olha
como se estivesse ali postada
ela sim
para a mim me contemplar
e cobrir com o seu véu

Mas eu não tenho dilemas
penas para espiar
ninguém para namorar
nada de poemas
um verso que seja para escrever 
apenas sinto solidão


Nada à Lua posso dar
nada a Lua me oferece
à Lua nada pedi

A poesia acontece por si
mesmo sem inspiração
Vale de Salgueiro, quinta-feira, 20 de Maio de 2010
Henrique Pedro

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Na contramão do mundo





A minha vida e o meu mundo
são o mundo e a vida dos outros

Sinto o que os outros sentem
ou me dizem sentir
ver e ouvir

Sonho o que os outros sonham
ou dizem sonhar
acreditar
duvidar
mesmo se a mim nada me contam

Tudo que relato e escrevo
sem maldade
é o que os outros me dizem
mesmo se comigo não condizem
a ninguém eu delato

E tantas são a minhas dúvidas e fraquezas
o meu medo de sofrer
o meu desejo de amar
tão raras a minhas certezas
que em boa verdade
ando no mundo sem vaidade
por ver os outros andar

Por onde andei antes de nascer não sei
nem imagino sequer
tão pouco sei para onde irei quando morrer
ando no mundo por ver os outros andar 
não passo dum vagabundo

Por onde andam os outros?
alguém me sabe responder?

Mergulhado na ilusão da luz da salvação
ando na contramão do mundo
e em meu sentir
só mesmo Cristo Jesus
me  poderá redimir

Vale de Salgueiro, domingo, 29 de Julho de 2012
Henrique Pedro

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

No imo de mim




No silêncio absorto de meu cérebro
no sopro sáfaro de meu coração
o meu “eu”
é ainda embrião

No âmago do meu corpo
ébrio
a minha alma se acomoda
e se acalma

No imo de minh'alma
o meu espírito
espreita

O corpo me prende à Terra
ao Cosmos
e aos meus
a alma me liga ao Além

O espírito me envolve
e devolve
a Deus


Vale de Salgueiro, sábado, 1 de Setembro de 2012
Henrique A. Pedro


in Introdução à Eternidade (Outubro de 2013)