Agora sim
sei
Na última
noite que dormi ela
ela já não
estava mais
ali
Embora tudo
tenha feito
para que eu
não a pudesse esquecer
jamais
E passasse o
resto da vida a sofrer
por ela
rasgando-me
esta chaga no peito
que continua
por sarar
e a doer
demais
O anjo
adorável
que havia
sido
até então
meiga
amável
e
verdadeira
naquela
noite derradeira
transfigurou-se
em Medusa
numa permanente
companhia intrusa
que me
persegue para toda a parte
Numa mulher
ultriz
dona de
toda a arte
numa matrona
meretriz
Os beijos e
abraços
a
inebriante sofreguidão
os gritos
de prazer
que
coroaram o seu último orgasmo
foram só afinal
o estertor
do amor
espasmo da
paixão
alvor da vingança
Acto sexual
que para meu mal
ainda hoje sinto
e oiço
em surdina
me baila na
retina
e sempre se
insinua nos meus desejos
como brasa acesa
na lembrança
tição
incandescente
cujas
cinzas escaldantes
continuam a
escaldar-me
o coração