Cheguei!
Aonde?
Não sei
A um ponto GPS
Que ninguém conhece
Nem mesmo eu
Vim a salto
Nas asas da sorte
Sem passaporte
Rumo ao desconhecido
Em sobressalto contido
Liberto de afectos
E de emoções
Ou de outras tentações
Ou ilusões
Que não seja sobreviver
E cumprir a missão
E tentar
Determinar
Expedito
Que coisa sou
Se coração
Se razão
Se espírito
Tentarei dissociar-me
E manter-me inteiro e íntegro
Afeganistão, Ponto GPS Mandrágora, 09082005
Brian P. Smith
Apostila:
Somos
cinco, somente. O avião que nos transportou a partir de base algures num
território vizinho subiu à altitude estabelecida e nós lançámo-nos no abismo
negro da noite, para pairar por largo tempo, qual fantasmas alados, apenas atentos
aos “bip” do GPS que ia assinalando a posição a que nos encontrávamos.
Abrimos
os pára-quedas no exacto momento em que o sistema o recomendou, para poisar,
com aspereza, no local planeado. De imediato tratamos de trepar para o alto da
montanha, para o local em que agora nos encontramos, já devidamente instalados,
com a parafernália de armas, sistemas de comunicações e meios electrónicos de
observação nocturna. Sem esquecer os meios logísticos necessários a
sobrevivermos naquele ambiente hostil, durante uma semana, sem sermos
detectados.
A
batalha vai desenrolar-se nos vales que nos rodeiam e nós estamos ali com a
missão de fornecer às nossas tropas indicações preciosas sobre as movimentações
das forças inimigas.
Sente-se
Ben Laden arfar por todas estas montanhas. Esperemos que não seja ele, ou algum
dos seus sequazes, a perceber, primeiro, o nosso respirar.