Ouvi
de um sibilino espírito de virtude
que etéreo habita o mítico templo do conhecimento
esta sábia sentença, que assumi como fadário:
«Só o fogo do amor vence o frio da vida terrena
mantém o corpo ágil e livre do envelhecimento torpe
e rasga com luz a sombra da noite da morte.»
Deitei-me nu
com a minha amada desnuda
virgem
imaculada
em alvos lençóis de linho cru
da cor da geada
em noite escura e fria de Inverno
à procura do fogo eterno
da felicidade
Logo ao primeiro beijo se inflamou o desejo
como se beberamos vinho
e os lençóis tecidos de áspero linho
se converteram em fina e rendilhada cambraia
e os corpos enlaçados em suave movimento
se iluminaram na obscuridade do aposento
da mais doce e sublime luminosidade
Acendeu-se a chama do amor no frio da noite escura
almas envoltas em vapor de ternura e paciência
sublime ignescência do fogo que arde e não queima
felicidade que não tarda e perdura
por tempo indeterminado
E os alvos lençóis de linho da cor da geada
transformados logo ao primeiro beijo
na mais fina e diáfana cambraia
ficaram rendilhados por fios do meu sémen quente e incolor
e pela cor carmim do sangue rosa da minha amada
produto do nosso amor e desejo ardente
E o fogo do amor daquela noite de núpcias sentida
gravou para sempre nas nossas almas e mentes
com fios de ternura, sémen e sangue rosa carmim
o destino e boa sorte que perdura pela vida
e que assim sobrevirá feliz para lá da morte
Vale de Salgueiro, 18 de Novembro de 2007
Henrique Pedro