Olho-me nos olhos
in Anamnesis( 1.ª Edição: Janeiro
de 2016)
Vejo-me ao espelho
olho-me nos olhos
Vejo um sujeito que não sou eu
que não conheço
e que me espanta
Não é o meu eu interior
poético ou lírico
que vive de amor
que ali se reflecte
É um crâneo calvo
um rosto rugado
um olhar cismado
que nada me dizem de mim
E eu
a toda a hora me olho
e me vejo por dentro
faça sol, chuva ou vento
noite e dia
a dormir ou acordado
em tristeza ou alegria
E sempre me vejo
com verdade
embora envolto em sonho
e ansiedade
Fico
por isso
espantado
por ver-me assim retratado
Vale de Salgueiro, quarta-feira, 2 de Março de
2011
Henrique António Pedro