São os meus pensamentos
afectos e sentimentos
minha força de amar
que põem o Universo a pulsar!
Ser ou não ser
não é a questão
mas antes saber
se sou ou não ilusão
in Minha Pátria Montanha
Minha
Pátria Montanha
(Editora Ver o Verso-2005)
São os meus pensamentos
afectos e sentimentos
minha força de amar
que põem o Universo a pulsar!
Ser ou não ser
não é a questão
mas antes saber
se sou ou não ilusão
in Minha Pátria Montanha
Minha
Pátria Montanha
(Editora Ver o Verso-2005)
Sinto
o corpo levitar
sem
da alma se separar
Agarro-me
a mim mesmo
em
desespero
sinto
medo de ainda assim me ver
a voar
qual
pedra a flutuar
no
ar
Penedos
tredos
medos
pesados
enormes
disformes
em
mil imagens
e miragens
em nuvens
negras
projectados
Pesadelos
sonhos
enfadonhos
que
rasgam a Razão
explosão
que
implode o coração
Antes
fossem folhas
pétalas
penas
etéreas
como o pensamento
que
a mais leve aragem
o
mais brando vento
faz
voar
Mas
eu sou corpo e sou espírito
sem
me angustiar
cristão
constrito
pedra
de altar
em que a minha vida
dorida
se irá consumar
Vale
de Salgueiro, sexta-feira, 29 de Outubro de 2010
Henrique
António Pedro
Agora que entrou
Maio
langoroso, sensual e
perfumado
lembro
saudoso
e sorrio
com agrado
A pantera
cor-de-rosa
que eu acariciava
temeroso
deliciado
No prado
ameno
à beira rio
marchetado de malmequeres
Reclinava a cabeça
no meu peito
amorosa
a jeito de que eu a
pudesse mimar
com a juba odorada
de feno
a esvoaçar
A sua mão era a
brisa
que me abria a
camisa
e me convidava a
voar
Agora que entrou
Maio
langoroso, sensual e
perfumado
lembro
saudoso
e sorrio
com agrado
Vale de Salgueiro, sábado,
1 de Maio de 201020130506
Henrique António Pedro
Entristeço
percebo que envelheço
Não tenho ideia de morrer
muito menos de matar
sinto-me cada vez mais vivo
com mais vontade de amar
Acordo
não mais adormeço
Nasci para viver e amar
no ventre de minha mãe
alimentado de amor e leite
deleite do seio materno
se é que o Amor não vem dantes
de muito mais dalém
Se assim for sou eterno
Vivo vida aventurada
feita de dor, paixão e ilusão
amor, morte e mais nada
Agora me dou conta
melhor professor é a dor
sobretudo o sofrimento
que nos corrói por dentro
Tomei por amor a libido
apaixonei-me vezes sem sentido
amei com sofreguidão
dominei amantes fogosas
cavalguei ondas alterosas
escalei montanhas escarpadas
veloz voei pelos ares
acelerei nas estradas
Embebedei-me de adrenalina
jurei pelo Evangelho
guerrear pelo Império
bati-me pela Verdade
conspirei pela Liberdade
senti saudade em surdina
vivi ansiedade e ambição
sofri a euforia da paixão
Sorri e chorei
perdi e ganhei
Melhor percebo também
a Natureza nossa Mãe
nunca está triste ou alegre
mesmo ao Inverno resiste
sou eu quem entristece
perco alento por fora
alimento-me por dentro
Se afrouxa a pulsão sexual
perco o amor-próprio
a predisposição para o mal
desperta o amor por mim
e pelos outros
ainda assim
por tudo que me rodeia
qual doce melopeia
quase auto compaixão
Por cada paixão que morre
mais o Amor se incendeia
Aprisionei fortes vendavais
tornei-os brisas amenas
substituí por novas alegrias
velhas e tristes penas
transformei o fogo do Sol
em doce Lua-de-mel
o aroma da sensualidade
no perfume da Amizade
adocei montanhas em colinas
fiz as vagas alterosas
vir beijar
de mansinho
as areias da praia
Ampliei a luz das estrelas
para iluminar de espiritualidade
o caminho infinito da Eternidade
Converti paixões em Amor
força que não obedece ao Cosmos
ao Caos
ao inferno
e nos leva de retorno a Deus
ao Eterno
Interrogo-me sobre a vida e a morte
sobre o amor “post mortem”
Amo e vivo tanto
que anseio poder encontrar
ainda
entretanto
melhor que amor e amar
se possa imaginar
O Amor único e uno
que nos liga de nós ao Todo
Vale de Salgueiro, 27 de Dezembro de 2007
Henrique António Pedro
(Revisto)
Mimoseio-me
numa tentativa de me encontrar
mas
não me encontro
nem é a mim que tacteio
Não
me enxergo no crânio escalvado
acabado
de sair do barbeiro
mas
sinto uma sensação suprema
que
me percorre o corpo inteiro
me
pacifica e me acalma o coração
embora
esprema desesperadamente a Razão
Transfiro-me
para as cabeças dos dedos da mão
com
que apalpo a caixa craniana
em
que se aloja todo o meu encéfalo
Ainda
assim a mim me sinto
no
curto-circuito que se estabelece
entre
a pele dos dedos
e a
Mente sucedânea
angustiada
Dá-me
prazer ficar assim
por
momentos
a andar
à roda
atrás
de mim
como
pescadinha de rabo na boca
de
olhos vendados
a
jogar comigo à cabra-cega
jogo
de paciência
e
demência
Que
melhor prova da minha existência
posso
encontrar
se
é a minha alma
a
minha essência
que
a si própria se apalpa
sem
a si mesma se apalpar?!
Vale de Salgueiro, sexta-feira, 12 de Junho de
2009
Henrique António Pedro
in Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)
(A minha singela homenagem a todas as mães)
Quando abri os olhos
pela primeira vez
e percebi que outros
me fitavam e sorriam
enquanto sentia que
uns braços me estreitavam
de uma forma que só
poderia ser a de uma mãe
Logo ali pressenti o
que era o amor
e o que amar seria
embora sem então perceber
que aquela mulher era
minha mãe também
que não era uma
mulher qualquer
nem o quanto seu filho eu
ser
representava para
ela
Apenas quando nos é
dado saber
como nossa mãe nos ama
somos capazes de melhor
entender
o que é o amor
o que amar será
o carinho com que
sempre nos chama
e porque perdê-la a
ela
é tão grande dor
Vale de Salgueiro, segunda-feira, 8 de Março de 2010
Henrique António Pedro