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segunda-feira, 30 de junho de 2025

Enclausurado no Universo


Paredes de ar

de água

e de pedra

opacas

translúcidas

iluminadas

ruidosas

e frias

 

E eu sem poder fugir

para outro lado

que não seja para dentro de mim

mergulhado no silêncio escuro

da dúvida

e da angústia

 

A única certeza

é a morte

 

Procuro compreender

a verdade

alcançar a felicidade

 

Responde-me Deus

com o Absoluto

o Infinito

a Eternidade

 

Tentarei a minha sorte

 

Vale de Salgueiro, domingo, 12 de Dezembro de 2010

Henrique António Pedro

 

in Anamnesis(1.ª Edição: Janeiro de 2016)

 

 

 

Uma dor que dói por dentro


Uma dor que dói por dentro

e nenhum gozo dá por fora

eu sofri

desde que não mais a vi

nem ela a mim mais me viu

depois que partiu

e se foi embora

 

Uma dor que dói por dentro

que se perde no tempo

levada pelo vento

 

Dor que não passa de um passo

relevante

para mim

por certo para ela

também

no caminho da evolução

que melhor se percebe

depois que sossega o coração

 

Tanto que um amor maior

que não dói por dentro

e maior gozo dá por fora

livre de ventos, de tempos e contratempos

melhor se percebe

agora

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 30 de Novembro de 2009

Henrique António Pedro

 


domingo, 29 de junho de 2025

Aqui, sou só poesia!



Eu

Aqui

Sou só poesia!

 

Nem mais

Nem menos

Nem ninguém

De somenos

                                                                                               

Nem prosa

Texto de contexto

Quero ser

Sequer

 

Quer me leiam

Ou deixem de me ler

Me comentem ou deixem de me comentar

Não vou deixar de ser

O que sou

 

Por mais que me invectivem

Enalteçam

Insultem

Ou ignorem

Aqui

Eu

Sou só poesia

 

Tão pouco poeta sou

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 16 de Fevereiro de 2010

Henrique António Pedro

 

 

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Expulso do Paraíso



Uma angústia silenciosa

angustiante

ora por ora me aflige

como se fora uma saudade

dolorosa

distante

com causa desconhecida

embora

 

Poderá nada ser

de verdade

nem passar

sequer

de uma disfunção glandular

aborrecida

diletante

 

Escuso, portanto, de me afligir

de tanto me angustiar

 

Melhor será

ainda assim

fingir

que embora expulso do Paraíso

me encontro desperto

de perfeito juízo

 

Oh, que ideia dolorosa

não fui só eu por certo!

 

Não tardo a para lá voltar

eu e mais alguém

se foi de lá que eu vim

e se é de lá que vem

para nosso bem

esta saudade angustiosa

  

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 20 de Outubro de 2008

Henrique António Pedro

 

 

 

quinta-feira, 19 de junho de 2025

A mim, Deus, apenas me deu …


A mim

Deus

apenas me deu o corpo

cabeça, pernas e braços

sem outros embaraços

e o sopro da vida

que passei a ser eu

a soprar

enquanto mereça o que Ele me deu

o que é demais

 

O espaço para viver

e sonhar

e coisas que tais

terei que ser eu

a porfiar

 

Resta-me o desejo angustiado

de ser grande

bom

e verdadeiro

 

Por isso me parto

e reparto

na ânsia de ser inteiro

 

A muitos

Deus

deu mais

 

A outros nem tanto

 

Muitos que a mentir ou sorrir

pretenderão dominar o mundo

quiçá razão para o destruir

 

Eu, não!

Não me confundo

 

Tento apenas

fazer valer

o meu coração

 

É por isso

que tanto

me apoquento

 

Vale de Salgueiro, sábado, 24 de Julho de 2010

Henrique António Pedro

 



terça-feira, 17 de junho de 2025

O Universo tem o tamanho e a forma de um verso


O cosmos é o caos

a vida uma ilusão

a felicidade uma frustração

e o universo de tão enorme e disforme

é do tamanho de um verso da minha poesia

 

O amor é uma flor

e a Terra

o céu prometido

o paraíso perdido

 

A dor é aberração

o sofrimento um contratempo

e a paixão uma fugaz fantasia

 

Eu

um vagabundo

que muito mundo já vivi

amei

e sofri

e continua sem se entender

 

Nem a si

nem a mim

nem a ninguém

 

A quem nada mais resta que mais viver

mais amar

mais sofrer

e procurar nada deitar a perder

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 12 de Outubro de 2009

Henrique António Pedro