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quarta-feira, 27 de março de 2013

Versos impressos no pó do caminho



Deixo versos impressos no pó do caminho

 

À ida

deixo poemas

suspensos no ar

e os rastos dos meus passos

impressos no pó do caminho

 

À volta

já a brisa do fim da tarde

lhes deu descaminho

desemaranhou os dilemas

e alisou as arestas dos rastos

 

Outros transeuntes vieram

os pisaram e deformaram

mas seria a chuva telúrica

a apagá-los definitivamente

dissolvendo o pó em lama

 

Poderiam ser maciços graníticos

piramidais

anónimos

erigidos no deserto

que teriam o mesmo fim

embora mais lenta fosse a agonia

ou mais funda a chaga

ainda assim

 

Mas os meus poemas têm o meu rosto

são os rastos indeléveis dos meus passos

que ninguém que preste

apaga

mesmo se os ignora

e não lê

 

Encontram-se

permanentemente

a perderem-se

na imensidão do Cosmos

e só o vento celeste

os dilui em eternidade

 

in  Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)

1 comentário:

  1. Obrigado Henrique Pedro,

    Muito métrico e escantilhado, já para não falar da semântica excelente do poema. Gosto!

    Um grande abraço.

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