À ida
deixo
poemas
suspensos
no ar
e os rastos
dos meus passos
impressos
no pó do caminho
À volta
já a brisa
do fim da tarde
lhes deu
descaminho
desemaranhou
os dilemas
e alisou as
arestas dos rastos
Outros
transeuntes vieram
os pisaram
e deformaram
mas seria a
chuva telúrica
a apagá-los
definitivamente
dissolvendo
o pó em lama
Poderiam
ser maciços graníticos
piramidais
anónimos
erigidos no
deserto
que teriam
o mesmo fim
embora mais
lenta fosse a agonia
ou mais
funda a chaga
ainda assim
Mas os meus
poemas têm o meu rosto
são os
rastos indeléveis dos meus passos
que ninguém
que preste
apaga
mesmo se os
ignora
e não lê
Encontram-se
permanentemente
a
perderem-se
na
imensidão do Cosmos
e só o
vento celeste
os dilui na
eternidade
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Obrigado Henrique Pedro,
ResponderEliminarMuito métrico e escantilhado, já para não falar da semântica excelente do poema. Gosto!
Um grande abraço.