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quarta-feira, 27 de março de 2013

Versos impressos no pó do caminho




À ida
deixo poemas
suspensos no ar
e os rastos dos meus passos
impressos no pó do caminho

À volta
já a brisa do fim da tarde
lhes deu descaminho
desemaranhou os dilemas
e alisou as arestas dos rastos

Outros transeuntes vieram
os pisaram e deformaram
mas seria a chuva telúrica
a apagá-los definitivamente
dissolvendo o pó em lama

Poderiam ser maciços graníticos
piramidais
anónimos
erigidos no deserto
que teriam o mesmo fim
embora mais lenta fosse a agonia
ou mais funda a chaga
ainda assim

Mas os meus poemas têm o meu rosto
são os rastos indeléveis dos meus passos
que ninguém que preste
apaga
mesmo se os ignora
e não lê

Encontram-se
permanentemente
a perderem-se
na imensidão do Cosmos
e só o vento celeste
os dilui na eternidade

^^^^

1 comentário:

  1. Obrigado Henrique Pedro,

    Muito métrico e escantilhado, já para não falar da semântica excelente do poema. Gosto!

    Um grande abraço.

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