Gosto de orar na ideia de que adormeço
no umbral do pequeno templo da minha aldeia
e viajo Cosmos além
livre de todo o mal
A sonhar que a mão de Deus me afaga
e me faz Revelações
como fazia minha mãe
quando menino me aconchegava no seu seio
ciciando-me doces melodias de amor e de encanto
como se eu fora um santo
um deus pequenino
Eram ecos e reflexos do Criador
O meu pensamento voava por dentro do sonho para fora do sono
e o meu espírito vogava pelo Universo
iluminado pela luz do seu coração
Tento agora ouvir de novo os mesmos ecos
ver os mesmos reflexos
no umbral do pequeno templo da minha aldeia
na ideia que é o regaço de minha mãe
Não encontrei, até hoje, melhor forma de me interrogar
outro verso e anverso das agruras da vida olhar
sem me sentir vazio, naufrago do nada
sem me angustiar
Era Deus que descia do Céu para me falar de Si
com suavidade
mesmo ali
no limiar da Eternidade
Era eu que a dormir despertava por dentro
mergulhava no mais profundo de mim
descobria o meu caminho
e me transformava em profeta daquele espaço
naquele tempo
Para lá do umbral do pequeno templo da minha aldeia
pregada na parede mais umbria
ergue-se, porém, uma Cruz
lustrada pela luz trémula de uma candeia
que ilumina de divino o destino sonhado
no regaço de minha mãe
Sonho agora acordado como quando criança
no umbral do pequeno templo da minha aldeia
na ideia que é o regaço de minha mãe
adormecido na Fé e na Esperança de um dia acordar
Henrique António Pedro
13 de Setembro de 2006
In Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)
Isto é poesia com alma só ao alcance dos grandes poetas e Mestres.
ResponderEliminarParabéns Henrique Pedro. Aplaudo de pé...
Parabéns pela criação, adorei os seus reflexos e a comparação com sua mãe, parabéns!
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