quinta-feira, 31 de julho de 2014
O futuro do rio é o mar
Sobrevoo
vales velados de nuvens
por onde corre o rio
do destino
sendo certo que o seu futuro
é o mar
Acima de mim
o céu
Pesado
plúmbeo
De chumbo
Não rio
nem ouso pousar
em nenhum lugar
Assim vou continuar a voar
até me diluir
com poesia
numa gota de chuva
feito lágrima
de alegria
Na esperança de que o calor
do amor
me fará evaporar
sábado, 26 de julho de 2014
Daqui, da eternidade
Aqui onde estou
e no tempo em que vivo
é onde o Infinito se inicia
sem eu saber onde acaba
e a Eternidade começa
sem que eu saiba quando cessa
Infinito e Eternidade
que arrasto comigo
para onde vou
Vivesse noutro tempo
noutro qualquer lugar
com ar para respirar
e cérebro para pensar
sentiria a mesma sensação
o mesmo aperto de coração
o mesmo lapso de Razão
de não saber onde estou
e do que verdadeiramente sou
Existo, por isso, no Infinito
E moro na Eternidade
É daqui, da Eternidade, que falo
E é dalém, do Infinito, que me calo
Henrique António Pedro
In Introdução à Eternidade (1.ª Edição, Outubro de 2013)
Imagem de Google Images
sexta-feira, 25 de julho de 2014
Deus não é nada disso
Quem
sou eu para determinar
o que
Deus é
ou não
é?
Atrevo-me
a supor, até
que
Deus não é nada disso
nada do
que Dele dizem
No meu
entendimento
Deus
não é
nada disso
não é
coisa nenhuma
nem
criou nada
nem
ninguém
porque
tudo existe
Nele
Deus
não é
nada do que Dele dizem
Bom ou
mau
protector
misericordioso
justo
ou injusto
Tão
pouco é eterno
porque
em Deus não há passado, presente ou futuro
e a
eternidade começa na hora da morte
quando
o tempo para
Deus
não é
nada do que Dele dizem
não é
nada disso
Não é
o que Dele dizem os filósofos
os
cientistas
os
teólogos
Deus
não é nada do que Dele dizem
nem
existe
sequer
Deus
apenas É
Deus é
Aquele de que falam os místicos
os anjos
os
santos
É o que
nos diz o nosso coração
sempre
que sente amor
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Reflectindo sobre a vida à hora em que já são horas de jantar
Mais um dia
uns tantos
quantos momentos
com
predisposição para a pensar na vida
A sério
Venho fazendo
isto
quase sistematicamente
desde que me
dei conta que sou gente
embora
aparentemente
nos outros
dias
não deixe de reflectir
Sem nada
até hoje
poder concluir
Talvez desta
vez chegue a uma conclusão
quanto mais
não seja que tudo está fora
do alcance da
Razão
Mas eu não
sou agnóstico confesso
e até
professo a doutrina de Cristo
Embora sinta
por vezes
vontade de me
rebelar
de mandar
tudo à merda
e considere
pura perda
estar assim a
me martirizar
Mas acabo
sempre por me humildar
por caminhar
sem tino nem destino
de cabeça
cabisbaixa
ao sabor do
vento
por caminhos
traçados por montes e vales
inteiramente
mergulhado na Natureza
e subjugado
às forças telúricas e cósmicas
que assim
livres melhor se fazem sentir sobre mim
impondo-me o
seu norte
À hora em que
já são horas de jantar
É então que
sinto o estômago falar mais alto que e Razão
e no coração
melhor ouço a voz interior
que me
segreda que a minha mente é sim insuficiente
demente
mas que não
me importe
No coração
palpita o espírito
que acende um
calorzinho interior a que se chama amor
E aí
sem ter que
pensar
encontro
resposta para tudo
Até para a
morte
quarta-feira, 2 de julho de 2014
Há, em mim, uma angústia crónica
Há, em mim, uma angústia crónica
Há
em mim
uma angústia crónica
que não tem a ver
com sucessos ou derrotas
amores contrariados
saldos bancários
deficitários
com a crise instalada
ou qualquer glândula
avariada
É uma angústia
telúrica
que a terra
exala
É hálito podre dos
monturos de dejectos
do carvão e do
petróleo
do alcatrão das estradas
dos escapes dos
motores
da borracha e do
óleo
da tirania dos
ditadores
dos políticos
impostores
Há
em mim
uma amargura
emergente
um aperto de coração
que tem a ver com a
política
com o rumo que leva a
civilização
É uma amargura a um
tempo cósmica
e telúrica
a dizer-me que assim
não vamos a lado
nenhum
que nem valerá a
pena ousar conquistar o Espaço
Amargura telúrica
emanada do ar e da
água
que causa nos seres
profunda mágoa
Angústia cósmica
crónica
vinda dos confins do
universos
que polui mentes,
palavras e o versos
Que me levam à
contemplação das estrelas
no silêncio da noite
A refugiar-me nos
templos
em oração
a procurar refúgio
na Eternidade
Porque indiciam a
agonia da Terra
o fim da Humanidade
Vale de Salgueiro, domingo,
2 de Novembro de 2008
Henrique Pedro
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