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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Eu sabia que um qualquer dia





Eu sabia que um qualquer dia

 

Eu sabia

que um qualquer dia

havia

de lá tornar

 

Era o coração que mo dizia

 

E que ao lá voltar

tornava a muitos mais lugares

separados no tempo

espalhados mas ligados

no mesmo fio de sentimento

numa estranha conexão

que só mais tarde compreendi

 

Só não sabia

que seria

assim tão de repente

sem razão visível

nem causa aparente

e que sentiria o que senti

 

Só não sabia

que encontraria

tudo assim tão diferente

tantos espaços desertos

tanta gente ausente

tantos silêncios abertos

 

Fiquei por isso parado

calado

no doce prazer de sofrer

a recordar

tomado de nostalgia

 

Daquela galega morrinha

que ainda agora

agorinha

me não mata

mas me mói

 

Doer

de verdade

dói a saudade

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 7 de Setembro de 2010

Henrique António Pedro 

in Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)

4 comentários:

  1. Estimado Amigo e Ilustre Poeta Henrique Pedro, Li e reli seu maravilhoso poema adorei, me revi em suas belas e profundas palavras. Volvido que e já meio século, voltei a encontrar aquela que foi o meu primeiro amor, triste fiquei, mas a vida continua. A encontrei não pessoalmente, mas sim no facebook. Abraço amigo de terras do Siao

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  2. Saudades de ler os seus textos. abraço green

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  3. Muito bem! Gostei.

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