Consola-me
constatar
que mesmo
no escuro
consigo sentir
E pensar
Aprisionado
nas frias masmorras da dúvida
e da angústia
onde
apenas entra alguma luz
difusa
pelos
olhos
e alguns
sons
estereofónicos
pelos
ouvidos
sinto-me
amarrado a tudo que transporto comigo
e de nada
me valem músculos e membros
Desesperado
agarro-me
às grades e grito
no
silêncio
Grito
pelo carcereiro
na esperança
de me fazer ouvir no universo inteiro
e de que
alguém me virá libertar
Mas
apenas ouço os meus gritos ecoar
e ressoar
dentro de
mim
como em
poço sem fundo
Porque é
em mim que estou preso
numa
prisão do tamanho do mundo
Apesar de
tudo
consola-me
constatar
que mesmo
mudo
consigo gritar
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