Não
me cabe a mim escolher
E não
é pacífico o dilema
Nem o
poema
Entre
o deserto
Onde
nem uma ave voa sequer
Nem
tão pouco voga um vulto de mulher
E a
fome, a sede e a solidão matam e enlouquecem
Sem
remissão
E as
selvas
As
florestas urbanas
E sub-humanas
Do
Rio, de Paris ou de Lisboa
Onde
nunca anoitece
Nem
alvorece
Pudera
eu ter-te aqui, ou lá, comigo, Huri
E a
imensidão do deserto se transformaria em oásis frondoso
E a
selva mais ardilosa
Quiçá
Num paraíso
indiviso
Apenas
partilhado por nós
E
pelo Sol cor-de-rosa
Devaneio
Regressar
à condição de troglodita
Será
a minha glória
Ou a
minha desdita?
Refugio-me
nos subterrâneos do meu ser
Por
onde vagueio
Desperto
Até
me encontrar
Ou me
perder
Sou
um universo fechado
Num
deserto aberto
Daniel Monforte,
Legião Estrangeira
Algures no
Deserto do Sahara
17 de Agosto de 1955
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