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sábado, 11 de agosto de 2018

UM LIVRO ABERTO NO DESERTO XX– Troglodita




Não me cabe a mim escolher
E não é pacífico o dilema
Nem o poema

Entre o deserto

Onde nem uma ave voa sequer 
Nem tão pouco voga um vulto de mulher
E a fome, a sede e a solidão matam e enlouquecem
Sem remissão

E as selvas
As florestas urbanas
E sub-humanas
Do Rio, de Paris ou de Lisboa
Onde nunca anoitece
Nem alvorece

Pudera eu ter-te aqui, ou lá, comigo, Huri
E a imensidão do deserto se transformaria em oásis frondoso
E a selva mais ardilosa
Quiçá
Num paraíso indiviso
Apenas partilhado por nós
E pelo Sol cor-de-rosa

Devaneio

Regressar à condição de troglodita
Será a minha glória
Ou a minha desdita?

Refugio-me nos subterrâneos do meu ser
Por onde vagueio
Desperto
Até me encontrar
Ou me perder

Sou um universo fechado
Num deserto aberto


Daniel Monforte, Legião Estrangeira
Algures no Deserto do Sahara
 17 de Agosto de 1955


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