Deito-me
em decúbito dorsal
relaxado
livre do bem
e do mal
Envolto em perfeito silêncio
e escuridão
os olhos fechados sem nada ver
os ouvidos sem nada ouvir
sem sentir o coração bater
nem me dar conta de respirar
nem do tempo fluir
Sem me afectar a mais leve emoção
no presente
a mais ténue saudade
do passado
a ansiedade mais débil
do futuro
De memória desmemorizada
de nada
e a consciência em total ausência
de tudo
Com o cérebro a “cerebrar”
que não a pensar
e que tento também, em vão
parar
Acabo por acordar
e deixar de sonhar
Num sopro saio do corpo
Passo a tudo ver
ouvir
e sentir
Fico sem saber
porém
para aonde ir
nem onde é o além
in Anamnesis
Copyright: Henrique António Pedro
1.ª Edição: Janeiro de 2016
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