Caminho
calado
para lado nenhum
Percorro com a vista tudo que me rodeia
sem nada ver
ouço ruídos de fundo
sem perceber qualquer som
Embora mantenha os olhos
e os ouvidos abertos
todos os sentidos despertos
Calo também o coração!
Deixo-me de sonhos
e de afectos
Passo horas esquecidas assim
a vaguear por tudo quanto é sítio
fora de mim
sem passar por sítio algum
Há um instante em que paro, porém
ouço passos atrás de mim
Há uma pedra em que tropeço
um raio de luz que me induz
uma voz que me desperta
Sou eu que a mim mesmo me persigo
e que a mim mesmo me diz:
- Não! Tu não me podes fugir, assim!
Impossível será viveres sem sonhar
sem amar
sem acreditar
Sem ter fé
Henrique António Pedro
in Introdução à Eternidade (1.ª Edição, Outubro de 2013)
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