MARIA
PAPOILA
in Mulheres de Amor Inventadas (1.ª Edição,
Outubro de 2013)
Não!
Não
és tu que voltas
nem
é a ti que reencontro
É
a minha memória
que
ainda te não deitou porta fora
que
ainda te não pôs na rua
A
ti nunca te conheci
assim
como
hoje
és
Nem
eu sou o que fui
outrora
Hoje
sou outro
sou
diferente
Tu
és o passado
eu
sou o presente
Nós
nunca nos conhecemos
e
dificilmente nos voltaremos a conhecer
Nem
vamos reiniciar
nada
de novo
não
importa chorar
Agora
és
só actriz secundária de um filme mudo
de
reposição
em
que o matraquear da máquina
manual
é
o bater surdo
do
teu coração
Um
filme que revejo
na
pequena sala de cinema
da
minha lembrança
mergulhada
na obscuridade
e
na solidão
Pediste-me
a verdade
sem
fantasia
Dou-te
a versão
nua
e crua
da
poesia
Henrique António Pedro
Vale de Salgueiro, 8 de Dezembro de
2013
Sem comentários:
Enviar um comentário