O
bom Deus vai ficar descoroçoado comigo
pela
certa
mesmo
zangado
talvez
mas
eu só Lhe agradeço as cerejas
a
Sua mais saborosa dádiva
agora
que é tempo delas
Já O
imagino a interrogar-Se e a questionar-me:
«Sou
tão generoso contigo e tu só me agradeces as cerejas,
tu
que até nem vives à míngua?!»
Mas
eu, que tenho a resposta estudada na ponta da língua
respondo
de pronto, sem ponta de aleivosia:
«Mais
generoso sou eu, Senhor, que não Te pedi nada
e
ainda assim Te agradeço as cerejas»
Mas
Deus
como
Ser infinitamente inteligente e bom que é
vai
perceber que eu, para lá do Amor
que
também é da minha responsabilidade
e
depende mim
apenas
agradeço aquilo de que gosto de Verdade
Na
esperança de que Ele apenas me dê
coisas
do meu agrado
já
se vê
embora
a minha fé
sem
favor
vá
muito para além de cerejas e palavras
Assim
sendo
sou
eu que a todos os poetas peço, entusiasmado
independentemente
das igrejas
que
louvem ao Senhor em seus poemas, com alegria
a dádiva
da poesia
porque
se os poemas são amores
é
porque as ideias são como flores
e as
palavras são como as cerejas
Louvado
seja Deus!
Vale
de Salgueiro, terça-feira, 5 de Junho de 2012
Henrique
António Pedro
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