
Um som inaudível
uma estranha indução
uma inconsciente
associação
terão motivado, por
certo, esta inaudita exibição
Quando hoje pela manhã
me preparava para me
barbear
desatei a assobiar
o refrão
de uma música em
voga
e não tardei a trautear com igual brilho
o estribilho
também
«Mulher gorda,
ai a mim não me convém,
………………….
Ai, ai, ai, ai,
eu gosto dessa mulher»
Quando dei por mim
já gritava a plenos
pulmões
qual cantor de multidões
enquanto a lâmina
deslizava
na face ensaboada
«Mulher gorda,
ai a mim não me convém
………………….
Ai, ai, ai, ai,,
eu gosto dessa mulher»
E repetia com mais
ardor
apenas o verso
introdutor
embora na composição
também haja
mulheres magras
pois então
não só anafadas
Quantas pessoas na
vizinhança
terão pensado que
enlouqueci
e sem esperança de
cura?
E quantas mulheres
gordas terão sentido ganas de me esganar
danadas com a minha
loucura
com tão dura falta chá?
Sei lá!
Certo é que a barba
ficou um primor
E que há mulheres gordas
que são um amor
Vale de Salgueiro, quarta-feira,
28 de Abril de 2010
Henrique António Pedro