Sopro a sopro sopra o vento
chama a chama arde a fogueira
raio a raio estala o trovão
Monte a monte se ergue a montanha
grito a grito se espalha a revolução
sorriso a sorriso se acende a paixão
Grão a grão se semeia a seara
a galinha enche o papo
sara a ferida o esparadrapo
Dia a dia se ganha a vida
se esconjura a má sorte
e se adia a morte
Verso a verso se escreve o poema
nota a nota se compõe a canção
dúvida a dúvida se lança o dilema
O fogo como se apaga?
Como se amaina o trovão?
E como se ceifa a seara?
A verdade como se alcança?
Como se ganha a revolução?
E como se acalma a paixão?
O poema como se declama?
E a morte como se mata?
Como se vai ao além?
Tudo isto e mais a amar
ando eu a aprender
também
Poeta
mero aprendiz
de como ser feliz
Alguém me diz?
Vale de Salgueiro, terça-feira,
16 de Março de 2010
Henrique António Pedro