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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Poeta aprendiz de como ser feliz



Sopro a sopro sopra o vento

chama a chama arde a fogueira

raio a raio estala o trovão

 

Monte a monte se ergue a montanha

grito a grito se espalha a revolução

sorriso a sorriso se acende a paixão

 

Grão a grão se semeia a seara

a galinha enche o papo

sara a ferida o esparadrapo

 

Dia a dia se ganha a vida

se esconjura a má sorte

e se adia a morte

 

Verso a verso se escreve o poema

nota a nota se compõe a canção

dúvida a dúvida se lança o dilema

 

O fogo como se apaga?

Como se amaina o trovão?

E como se ceifa a seara?

 

A verdade como se alcança?

Como se ganha a revolução?

E como se acalma a paixão?

 

O poema como se declama?

E a morte como se mata?

Como se vai ao além?

 

Tudo isto e mais a amar

ando eu a aprender

também

 

Poeta

mero aprendiz

de como ser feliz

 

Alguém me diz?

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 16 de Março de 2010

Henrique António Pedro

 

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Se acaso me ler



Se acaso me ler
tente me entender

Sou dum mundo de sonho
onde não há gestos
nem palavras
escritas ou faladas
para comunicar

Falo com o coração
por ideias
trago na mão uma lira
que ora canta
ora suspira

Sem espaço para mentira
ou  traição
nem ódio para expressar
vivo em permanente alegria
 a meu contento

A minha poesia é fantasia
afecto
pensamento

Sou poeta

homem liberto

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Poema abandonado numa mesa de café



Uma flor


Uma rosa perfumada

que esmaeceu

abandonada numa mesa de café

depois que se consumou a longa espera

e a amada do poeta

não compareceu

 

Um poema

abandonado numa mesa de café

por um poeta ferido

traído no seu amor

foi o que foi

é o que é

deu no que deu

 

Reticências

uma vírgula

um ponto final

gravados numa folha de papel

em branco

numa mesa de café

sobre a qual repousa uma flor

esmaecida

de um poeta esquecido

traído no seu amor


É um poema de pranto

escrito numa folha de papel

em branco

 

Vale de Salgueiro, sábado, 18 de Maio de 2013

Henrique António Pedro

 

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Peixe frito



Nem todo o peixe dá para fritar

O melhor
para mim
são “joaquinzinhos”
fritos na hora
e acompanhados de arroz de tomate
malandro
com um tinto carrascão
de remate

Também são bons de escabeche
de uma forma ou doutra
falam ao estomago
e também ao coração

Também nem todos os poemas servem para declamar
há até poemas que nem para escrever
dão

Como?
Mas que confusão
dirão os poetas que só conhecem a poesia lameche
e que apenas escrevem sonetos
epopeias
habituados à alta cozinha
sem outras panaceias
que os redima

Mas há!

Há poemas que não dão para escrever
ou declamar

Há poemas que só dão mesmo para ver
cheirar
e saborear
acompanhados de arroz de tomate


Com tinto carrascão de remate

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Esta saudade saudosa



Hoje
dei comigo a relembrar
pessoas que conheci
e não voltei a ver
locais por onde passei
ou fugazmente vivi
e aonde não tornei

Locais da selva onde acampei
campos de batalha onde combati
praias em que me banhei
templos em que orei
ilusões que sofri

Amores a que não fugi
outros tantos que evitei
para mais não sofrer

Sonho do passado
que teima em ser sonhado
por não querer morrer

Locais de magia
repositórios de História
almas a quem me irmanei
em campanha inglória

Pessoas e lugares de fantasia
aventuras cor de rosa
que não quero esquecer
que relembro com saudade
neste poema de amizade
a florir

É uma forma de amar e de sofrer
com poesia

Uma saudade saudosa

que teima em não partir

domingo, 12 de janeiro de 2014

Porque escrevo tão belos poemas de amor?





Perguntam-me
porque escrevo eu tão belos poemas de amor

Respondo

Porque muito amo
sem que ande cegamente apaixonado

Porque nenhuma espúria paixão me perturba o coração
e me tolda a Razão

É o amor alargado
em que o meu espírito vive
alagado
que ilumina a inspiração

E confere aos meus versos
verdade
e musicalidade

Que só vê
quem como eu
ama


E lê