Mirandum se foi à
guerra
ficou Mirandela na
terra
a carpir suas saudades
a afogar fráguas nas
águas
que por entre fragas
correm, correm sem cessar
Qual moira encantada
mira-se ela
Mirandela
nua no rio Tua
em noites de luar
à espera dalgum
mirandum
que a venha
desencantar
Mirandum se foi à
guerra
à guerra do ultramar
ficou na terra Mirandela
à espera de ele
voltar
Mirandum se foi à
guerra
à guerra da
emigração
mesmo livre de
namorar
a nenhum mirandão
Mirandela
nem por fantasia
quis seu coração dar
Mirandum se foi à
guerra
à guerra da fantasia
ficou mirandinha Mirandela
sozinha mas desperta
à espera de algum
poeta
que com sua poesia
a venha glorificar
Vale de Salgueiro, segunda-feira,
12 de Abril de 2010
Henrique António Pedro