Ando
arando com os dedos a duna
Imaginando
que é o teu corpo
Abandonado
ao gozo langoroso da praia
À
frescura da espuma rendilhada de cambraia
Agora
que aí em Portugal é Verão
E aqui
é um eterno inferno
Sopram,
sobre mim, brisas de emoção
Que
varrem as areias
E me
fazem o sangue ferver nas veias
Enquanto
massajo o teu seio
Com o
gel do desejo
E os
teus cabelos esvoaçando
Me
acariciam o rosto
Antevejo
Em ti
Igual
tentação ao sol-posto
Inebriada
pelo divino mosto do amor
Assim
semeio sonhos e saudades
No
meu coração enamorado
Que
se enrolam em ondas de vento e paixão
E me
levam fascinado
A
surfar deserto adentro
São
fantasias de Verão
Planos
para quando eu voltar
Sacudo
a areia das mãos
Como
se fossem as toalhas
Em
que estivemos deitados
Lado
a lado
Estirados
ao Sol
Escondo
a minha dor
Por
detrás das muralhas de dunas importunas
Resignado
com a minha condição
Daniel Monforte,
Legião Estrangeira
Algures no
Deserto do Sahara
27 de Agosto de 1955