POEMA DE BEM BARBEAR TODA A FACE
Muitos
dos meus poemas
afloram
frente ao espelho
quando
me barbeio
Enquanto
a vista se fixa em cada pêlo
que
a lâmina vai cortar
eu no
meu eu me enleio
em
pensamento
nos
morfemas e lexemas
em
poético devaneio
E lamento todo aquele que se pela e depila
sem
apelo nem agravo
capaz
de matar e morrer
sem
de poesia nada querer saber
mesmo
que perca a face
por
mais que disfarce
Há
na vida milhares de poemas
e
dilemas
para
cortar
e recortar
ou
simplesmente deixar crescer
mesmo
no acto de barbear
Vale de Salgueiro, domingo, 30 de Outubro de 2011
Henrique António Pedro