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terça-feira, 29 de agosto de 2023

O vinho de maçã do Paraíso

 


O vinho de maçã do Paraíso

 

Deu Deus, ao bom Adão, para o alegrar

Eva, por companheira, mulher fascinante

Esta fez vinho de maçã, inebriante

Receita da serpente de embebedar

 

Adão por Eva se deixou fascinar

Caindo na malsã condição de amante

E angustiado por sentir Deus distante

Bebeu do vinho até se alucinar

 

Por isso vida de homem é provação

Mas o vinho e a mulher doce agasalho

Bem bebidos e amados são salvação

 

Vinho com moderação, fora do trabalho

A mulher se complacente ou com paixão

Seja o homem criança ou já grisalho

 

Vale de Salgueiro, 18 de Maio de 2008

Henrique António Pedro

 

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

A dor de amar demais

 


A dor de amar demais


Fenece, só e triste, como o ledo lírio

Aquele que ama, com paixão, uma mulher

Se mesmo não a podendo ter como bem quer

Continua a amá-la, feito louco, em delírio

 

E sofre demais o emigrante seu martírio

De sentir-se longe do lar, sem o querer

A mais cruel saudade é o seu sofrer

O desejo do regresso é aceso sírio

 

Também o santo místico que vive na fé

É torturado pelo silêncio divino

Só essa mística paixão o mantém de pé

 

Aquele que mais ama mais sofre, já se vê

Apenas alma grande não força seu destino

E aceita a vida tal como ela é

 

Vale de Salgueiro, 13 de Abril de 2008

Henrique António Pedro

 

domingo, 27 de agosto de 2023

A Poética Criação da Humanidade

 


A Poética Criação da Humanidade


Do barro bruto o Criador criou o homem

Só para Sua recreação e alegria

Bafejando amor divino e poesia

Olvidando as dores que os mortais consomem

 

Porém, tais graças com a poesia eclodem

Que o barro tosco que Deus soprou, ganhou vida

Avivou Adão, tornou Eva apetecida

Dos mil mortais deleites que na Terra ocorrem

 

Ao barro, porém, nosso corpo retornará

Finando-se prazeres e dores com a morte

Só a divina poesia nos salvará

 

Para se livrar da matéria e má sorte

O homem, com poesia, a Deus louvará

Amando como Ele manda sua consorte

 

Vale de Salgueiro, 17 de Abril de 2008

Henrique António Pedro

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Uma paixão histriónica

 


Uma paixão histriónica

(Jocoso)

 

Trago meu pobre coração a arder

É tão triste a minha condição

Tão abrasadora esta paixão

Que o desfecho não posso prever

 

A essa mulher não passo sem ver

Embora forçado pela Razão

A conter-me e a dizer que não

Senão, tudo deitarei a perder

 

Mas ela, com sorrisos e perfume

Com seu doce jeito de me olhar

Mais não faz que atear mais o lume

 

Atónito, não sei como parar

Como sair deste amor, incólume

Paixão histriónica, a queimar

 

Chaves, 19 de Julho de 1965

Henrique António Pedro

 

 

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Que somos e que é nosso, afinal?

 


Que somos e que é nosso, afinal?


Somos, é sabido, mais que carne e osso

Embora, na verdade, nada seja nosso

Saber, então, o que somos nós, afinal

É, sem dúvida, a questão fundamental!

 

Da paixão que se esfuma fica o fosso

Do poder que nos cega resta o desforço

Da glória que se evola é igual

Digam-me lá o que é nosso afinal?

 

Tão só aquilo que em nós fica gravado

Tudo o que fazemos, por mal ou por bem

Tão só o que desta vida resta, se tem.

 

Poderão ser a virtude ou o pecado

Que nos marcam só a nós e a mais ninguém

E ser-nos útil, ou inútil, no Além.

 

Vale de Salgueiro, 2 de Setembro de 2010

Henrique António Pedro

 

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

O verbo amar

 


O verbo amar

 

A quem se ama, estando presente

Para o nosso amor demonstrar

Basta o verbo “amar” conjugar

Também para quem andar ausente

 

Para criar versos de encantar

Basta o verbo “amar”, tão somente

Palavra, desejo, beijo, mimar

E manifestar quanto se sente

 

Seja erudito ou iletrado

É poeta quem escreve ou diz

Formas do verbo “amar” conjugado

 

Mesmo se alguém se sente infeliz

Porque muito ama sem ser amado

Até com a dor o amor condiz

 

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 15 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro