Seja bem vindo/a. A mesa da poesia está posta. Sirva-se. Deixe, por favor, uma breve mensagem. Poderá fazê-lo para o email: hacpedro@hotmail.com. Bem haja. Please leave a brief message. You can do so by email: hacpedro@hotmail.com. Well done.

segunda-feira, 22 de julho de 2024

Mulheres assim tão belas como ela, só as de Mirandela!



Mulheres assim tão belas

como ela

só mesmo as de Mirandela

que ela mais as alinda

ainda

 

E tantas e tão aprimoradas

elas são

na minha ideia

que mulher feia

de tão rara

é por demais requestada

 

Nem precisam

sequer

de se enfeitar

para namorar

porque mulher linda

de morrer

que mais se alinda

há demais em Mirandela

difícil é escolher

 

Mulheres assim belas

como ela

só em Mirandela

que mais as alinda

ainda

 

E tantas e tão aprimoradas

elas são

que mulher feia

de tão rara

é bonita

é catita

não engana

melhor fala ao coração

 

Tanto que lá diz a tradição:

Mulheres assim tão belas

como ela

só a transmontana

mulher de Mirandela!

  

Vale de Salgueiro, terça-feira, 21 de Agosto de 2012

Henrique António Pedro

 

quarta-feira, 17 de julho de 2024

Mirandela cidade


                                                             ( ilustração Dacosta)

T r á s o s M o n t e s

eco vindo da origem dos tempos

sinfonia de montes

vales

e ventos

 

Minha Mátria Terra Quente

minha palavra ardente

 

Minha Mátria Terra Quente

Mirandela cidade

jóia postada no tórax de Trás-os-Montes

dependurada mundana

em colar de prata líquida

feito de Tuela e Rabaçal

vulva telúrica da imortal pátria transmontana

a escorrer em Tua de vaidade

e formosura

 

Mirandela cidade

provocante e bela

tronco de oliveira coroada nua

com diademas de xisto

e racimos de roseira

reflectida no espelho do Tua

e oferecida em feiras de vaidade

sob o halo da Senhora do Amparo

romaria de alegria e piedade

foguetes de lágrimas e de estalo

 

Henrique António Pedro

 in Minha Mátria Terra Quente (Ver O Verso -2005)


segunda-feira, 15 de julho de 2024

Hoje, vou andar por aí, a sonhar


Vou andar por aí

caminhar pelos campos

longe do asfalto das estradas

 

Tropeçar nas pedras dos caminhos à procura de poemas

e de searas ondulantes ao vento

que me tragam esperanças

de que não irá faltar o pão nas mesas

nem sorrisos nas bocas das crianças

 

Vou ouvir o chilreio das aves nas devesas

seguir com o olhar o seu voo no céu

rezar para que não sejam sugadas pelas turbinas dos aviões

nem que sobre a Terra caiam mais maldições

antes a cubra um véu

de verdade

 

Vou implorar a Deus que não haja mais almas presas

nas cadeias do esquecimento

e do abandono

e que antes possam usufruir a velhice

com alegria

poesia

e a meiguice

do sonho

da saudade

 

Hoje

vou andar por aí

caminhar pelos campos

longe do asfalto das estradas

para ter a certeza de que ainda é possível sonhar


Vale de Salgueiro, quarta-feira, 11 de Abril de 2012

Henrique António Pedro

 

segunda-feira, 8 de julho de 2024

A rosa e o rouxinol


Astuciosa é a rosa

que se oferece perfumada

a gritar aos sete ventos

estar ali para ser amada

 

Quando não pica

matreira

insinuante

langorosa

 

Sagaz é o rouxinol

que faz o ninho na roseira

sem, contudo, se picar

e assim poder ter

espinhos para o defender

e rosas para namorar

 

E pobre é o rouxinol

que pelo arrebol

segura uma rosa no bico

 

Tem no coração um pico

que o não deixa cantar

 

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 30 de Junho de 2009

Henrique António Pedro

 

domingo, 30 de junho de 2024

Adeus, adeus, adeus


Penoso era, para mim, seguir viajem

Para a outra margem

Do meu amado rio Rabaçal

Mal chegavam ao fim

As férias de Carnaval

 

Deixava por isso a folia

Com cara de quem partia

Triste, desencantado

Tendo pela frente o além

 

Era assim que me despedia

Quando a montada já seguia

Em passo estugado

 

Aperta, aperta!

O tempo escasseia

Fique para trás a aldeia

Adeus, adeus, adeus minha mãe

 

Até breve oliveiras cinzentas

Tristes, meigas e serenas

Minhas partidas são lentas

Pois me custa partir

Vendo as sombras das penas

A toldarem o porvir

 

Aperta, aperta!

O tempo escasseia

Fique para trás a aldeia

Adeus, adeus, adeus minha mãe

 

Vale de Salgueiro, Carnaval de 1959

Henrique António Pedro

 

sexta-feira, 28 de junho de 2024

O Universo é a minha prisão


Preso em prisão de paredes de pedra, de água e de ar

opacas, translúcidas, vaporosas

escuras, luminosas, ofuscantes

frias

escaldantes

crepitosas

 

Sem poder fugir para outro lugar

que não seja para dentro de mim

mergulho em mar de angústia

num oceano de dúvida

na dúbia sensação

deste angustiado aperto de coração

 

Enredado nas teias de Absoluto

tecidas do Infinito irresoluto

procuro entender a Verdade

e alcançar a Felicidade

na fé fugaz da Eternidade

 

O Universo é a minha prisão

cujas grades de dor e ilusão

tento em vão

forçar

com amor

e arte

 

Condenado à morte

forço a sorte

faço a minha parte

abro janelas de esperança

na minha mente de criança

 

Apenas sei

que só por Cristo Ressuscitado

poderei ser resgatado


Vale de Salgueiro, domingo, 12 de Dezembro de 2010

Henrique António Pedro