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segunda-feira, 7 de abril de 2025

A vida é o que é a morte é que não



A vida nem sempre é assim tão triste

 

Tem momentos de alegria

 e de tristeza

 

Dias de beleza

em que amamos e rimos

e que melhor nos sentimos

 

Outros em que choramos

e outros ainda em que…

ia a dizer odiamos…

…mas que palavra obscena!

 

Também há momentos em que a vida

é bem mais amena

e outros mais agitada

descontrolada

 

A nossa vida é o que é

se vivida com fé

 

Ora triste

ora alegre

assim, assim

outro não

outrossim

 

Como o tempo que ora faz sol

ora chove ou troveja

quando se não deseja

 

A vida é sobretudo breve

ainda que não seja leve

antes seja fria como a neve

 

Por isso a felicidade será

aquilo que se quiser que seja

desde que mais dure

na sua finitude

 

A vida é o que é

a morte é que não

não é nada não

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 19 de Dezembro de 2008

Henrique António Pedro

 

domingo, 6 de abril de 2025

Uma curva do meu caminho

 


(in Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016))

Naquela curva do caminho

da colina onde moro

aprendi a andar

a tropeçar

a cair

e a me levantar

 

A subir

para contemplar o vale

de cima

 

A descer

para debaixo

ver o cume 

 

E a mudar de direcção

para incólume

poder

seguir adiante

 

Agora

que já me não dá prazer

subir ou descer

a correr

esfusiante

como quando menino

apraz-me, contudo, parar a meio

 

Para pensar

repensar

e respirar

em ar aberto

para repor o coração

a bater certo

em seu anseio

 

Naquela curva do meu caminho

uma simples volta na ladeira

da colina onde moro

 

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 31 de Dezembro de 2010

Henrique António Pedro

 

 

 

quinta-feira, 3 de abril de 2025

É sempre de si que o poeta fala



Quando chora ou ri

 

Quando cala

ou canta a dor

ou exalta o amor

 

Quando se angustia

e abre a mente à fantasia

 

Quando vitupera a mentira e a guerra

e reclama a paz para a Terra

 

Quando uiva de saudade

 

Quando põe a nu a verdade

e denuncia a falsidade

 

Ou quando se dá ao desfrute

de nada dizer

em rima exaltada

 

É sempre de si

que o poeta fala

 

Mesmo quando de si

nada diz

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 2 de Setembro de 2008

Henrique António Pedro

 

segunda-feira, 31 de março de 2025

O poder e a glória que tenho já me chega



Tudo que em nosso redor tem cor

som

vida

luz

beleza

nos glorifica

e anima

 

O vento

o mar

os rios

as montanhas

a Natureza

o Sol

e a Lua

criou-as o Criador

para nos iluminar em cada dia


A mim o poder de amar a quem amo

já me chega

 

A glória de ser amado por quem me ama

já me basta

 

Não quero mais

tão pouco ter o mundo a meus pés

ao invés de ser o que sou

e de estar onde estou

 

Dispenso a vaidade e a fama

 

Todo o meu poder e glória é poesia

é a alegria do amor

em louvor do Criador

 

Vale de Salgueiro, sábado, 15 de Maio de 2010

Henrique António Pedro

sábado, 29 de março de 2025

Ó santa sensualidade!


 

Sopra sorrisos etéreos

desejos flutuantes

de luxúria

 

Cruza as pernas com volúpia

como que a defender a virgindade

 

Lança olhares faiscantes de alvorada

raios mornos de pôr do sol

 

Solta nuvens de fumo

que se evolam do cigarro

que rola nos lábios

como se fossem malmequeres

floridos em tardia Primavera

 

Liberta bolas de perfume

irisadas de provocação

que me estouram no rosto

sem que me toquem o coração

 

A sua santidade é de pau carunchoso

e o seu amor

cavernoso

é forçoso dizê-lo

 

Ó santa, sensualidade!

Erotismo e água benta

cada um toma a que quer

 

Não!

Já não sou mais criança

e ela não é mais mulher

só porque assim

seráfica

se oferece

a um qualquer

 

         Vale de Salgueiro, segunda-feira, 8 de Agosto de 2011

         Henrique António Pedro

 

in Mulheres de amor inventadas

Copyright © Henrique Pedro (prosaYpoesia)

          1.ª Edição, Outubro de 2013

 

 

quarta-feira, 26 de março de 2025

Um primeiro beijo



Recordo agora

que é tempo de vindimas

os silvedos floriram

se emolduraram de botões de amora

doces

pequeninas

 

Recordo o ensejo do primeiro beijo

naquela manhã louçã

na verde verdade da mocidade

em que se não mente

e o amor arde

suave

 

Quando uvas, amoras, espigas e raparigas

amaduram simultaneamente

mas os rapazes só mais tarde

 

Ela colocou uma amora silvestre

aveludada

entre os seus lábios carnudos

carmim

e com o olhar lampejante de sedução

desafiou-me matreira

a que eu

com os meus lábios também

lhe roubasse a doce drupa

 

Percebi a brincadeira

não resisti

lancei-me de pronto

na inocente disputa

 

Mas aconteceu o inesperado

quando os lábios se tocaram

todos os sentidos falaram

soltando descargas eléctricas

magnéticas

por todo o lado

em catadupa

a própria alma voou de leveza

 

Segurei-lhe então a cabeça pela nuca

para a agarrar com mais firmeza

ela fez-me o mesmo a mim

donde resultou assim sem querer

e sem eu saber

naquela mesma hora

que se esborrachou a amora do amor

e os lábios

o rosto

o coração

se pintalgaram com o sumo da paixão

do ensejo de um primeiro beijo

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 6 de Novembro de 2008

Henrique António Pedro