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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Há dias assim



Foi a primeira coisa que fiz mal acordei

 

Ir espreitar

sorrateiro

pela janela

desejoso de que o Inverno não tivesse ainda terminado

 

Pretendendo que o vento

e a chuva

e o frio

obstassem a que saísse de casa

e pudesse ter uma justificação

para permanecer amuado com o destino

 

Estava querendo continuar fechado dentro de mim

trancado por dentro

mergulhado na mais fria solidão interior

 

Sentado

impávido

imóvel

com as mãos a espremer o crânio

capaz de esborrachar o cérebro

e de abafar qualquer ideia de liberdade

 

Lá fora, porém

está um sol radioso

os campos já se recobrem de verde

ouve-se o trinado dos passarinhos

e já explodem em cor, som e luz os primeiros acordes da Primavera

 

Saio de um salto de dentro da minha nostalgia

mergulho no seio da liberdade

 

Todos os dias são assim

para mim

um convite a que saltemos de dentro de nós

logo pela manhã

afastemos o mau pensamento

e mergulhemos na alegria

 

Mesmo se chove

faz frio

e sopra o vento

 

Todos os dias acontece o milagre da poesia

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 17 de Março de 2010

Henrique António Pedro

 

 

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