Escrevi
aquele poema na minha própria alma
com
a tinta doirada do meu amor
e com
toda a minha arte
na
esperança de que ela o lesse
e o
guardasse com o ardor
em
seu coração
Ela
tomou-o, porém
por
um aparte
burlesco
literatura
de cordel
Pediu-me
ainda
assim
o
que fiz com frenesim
que
o escrevesse num pedaço de papel
que
mal leu
e que
depois de amassá-lo
acabou
por cremá-lo
em fugaz
incêndio
no
grosseiro cinzeiro
de
vidro vulgar
Sobrou
um montículo de cinza
que
com um sopro
leve
e
um despiciendo piparote
sacudiu
do decote
Não
tem porque se lamentar
agora
que
anda perdida
a
esmo
a
lamentar-se de não me ter dado a merecida atenção
Aquela
paixão
indevida
não
passou disso mesmo
De um
poema que escrevi
com
frenesi
num
pedaço de papel
que
ardeu
só porque ela não o mereceu
Vale
de Salgueiro, terça-feira, 29 de Novembro de 2011
Henrique
António Pedro