domingo, 26 de julho de 2020
A partir das sete horas da manhã de amanhã
terça-feira, 21 de julho de 2020
Racismo
segunda-feira, 13 de julho de 2020
A monção não traz a paz
quarta-feira, 24 de junho de 2020
Maria Soledade
Maria Soledade
in Mulheres de Amor Inventadas (1.ª Edição,
Outubro de 2013)
Marcámos
encontro para o sítio de sempre
embora de antigamente
num banco de jardim à beira do passado
que como
sempre
embora antigamente
se encontrava desocupado
Ambos na ilusão de que voltaríamos a passear de barco
abraçados
como cisnes enamorados
Eu
ansioso
julgava
reconhecê-la em cada transeunte
que
se aproximava
e que tentava reconhecer-me
Ela
ainda
assim
já
se encontrava sentada no banco ao lado
há tanto tempo quanto eu
sem que eu a tivesse reconhecido a ela
nem
ela a mim
Eu escutava
sim
os
seus pensamentos
que eram eco dos meus
Mas não!
Não era ela aquela que eu amei
ela não era aquela que me amou
eu não era aquele que ela amou
nem eu era aquele que a amou a ela
Acabámos por voltar a partir
sem sequer sorrir
como se nem um nem o outro
tivéssemos comparecido ao encontro
Embora continuássemos convictos
de que ainda nos amávamos
Como sempre
embora antigamente
segunda-feira, 25 de maio de 2020
A feia bonita Beatriz
quinta-feira, 21 de maio de 2020
Não tapem os buracos da minha rua
Não tapem os buracos da minha rua
que eu quero ver
neles reflectidos
o Céu
o Sol
as Estrelas
e a Lua
sempre que chover
Quero ver as nuvens a passar
empurradas pelo vento
e viajar com elas
em pensamento
Que eu quero ver
da minha janela
por detrás da vidraça
os salta-pocinhas
videirinhos
os pisa flores
a saltar de pedra em pedra
tão cheios de graça
e cautela
que acabam por pisar
na merda
Quero ver as damas emproadas
vaidosas de tanto asseio
a pavonear-se no passeio
ciosas da sua fama
serem salpicadas de lama
se algum carro passar
a alta velocidade
sem lhes ligar
Que eu quero poder manter
a irreverência de criança
e sorrir
com a esperança
de que a Humanidade
acabará por banir
a hipocrisia
e governar-se pela Verdade
Quero eu poder viver a vida
com poesia
sem forçar o destino
e tornar a ser menino
sempre que me aprouver