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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Gipsófila


Desolada

Anda de mente a saltitar

De pedra em pedra

No mar da imaginação

E de mil fantasias

Quando falta amor

Em muito lar

E pão

Em tantas mesas

 

Espera

Ansiosa

A floração da gipsófila

Por estes dias

A florir

Em molhos de alegrias

 

Se é que a dor

A suporta melhor

A rir

 

Então que sejam as flores

A alegrar

Tamanhas tristezas

 

Até quando

Lhe for dado sofrer

Com algum prazer

 

Sinal de que ainda vai tendo

Amor

 

Nunca fiando

 

 

Vale de Salgueiro, sábado, 7 de Maio de 2011

Henrique António Pedro

 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Porque se convertem em poemas certas palavras?


Poderiam não ser mais que gritos

grunhidos

sussurros

arrulhos

insultos

lamentos

chamamentos

apelos de poetas aflitos

 

Poderiam ser apenas expressões de cor

de dor

e de dó

de medo

maldade

fome

desejo

tão só

teia de intriga

que se maldiga

 

Porque se convertem em poemas

então

certas palavras

e outras não

e as não leva o vento

como às demais?

 

Porque consubstanciam ideia

e ideal

fantasia e melodia

 

Porque são poesia

intemporal

e trazem apelos de amor

na raiz

 

Porque mesmo se falam de sofrimento

sempre fazem alguém feliz

 

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 11 de Junho de 2012

Henrique António Pedro

 

 

 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Filhos do Sol e de Gaia



Alguém

fora do espaço e do tempo

nos surpreende a lamber as feridas

do último combate dentro de nós

e nos pergunta quem somos

 

Respondemos de pronto erguendo a voz:

Somos filhos do Sol e de Gaia

nossa mal-amada mãe

temos a Lua como aia

 

Vivemos do seu ar e da sua água

de angústia apresada

e de sonhos de cambraia

 

E compomos melodias de pensamento

que tangemos com o coração

para espalharmos no vento

versos de amor e amizade

poemas de verdade

gritos de razão

 

Olhamos a Lua

que iluminada

estua

nela nos vemos ao espelho

a nossa vaidade se esvai

 

Somos filho do Sol e de Gaia

nossa mal-amada mãe

criados por Deus Pai

ante quem ajoelhamos

em acto de contrição

 Vale de Salgueiro, 14 de Fevereiro de 2008

Henrique António Pedro

domingo, 2 de fevereiro de 2025

“Dies irae, dies illa”


Lúgubres são os anos

Trágicos os enganos

Adventos de piores tempos

 

Não regista a História tanta inovação

Tamanho progresso tecnológico

Jamais nalgum dia passado

O planeta foi tão iluminado

Por tanta luz a sobreluzir

Néon dos anúncios comerciais

Pronúncios de que estará para vir

Ainda mais maior mal

 

Jamais houve tanta miséria

Tamanha opressão sobre a Terra

Tão desumana foi a guerra

Tão cruel a carnificina

Tão generalizada a fome

Tão exposta a doença

Tão desmedida a ambição

Tão descarada a ofensa

Tão global a maldição

 

Jamais em tem algum

Maior foi o conhecimento

E mais espúrio o saber

Mais forte soprou o vento

Da mudança e desnorte

O jogo de azar e má sorte

O deslumbramento do poder

A obsessão pela vil riqueza

O fascínio da volátil beleza

A fama da fugaz glória

Sem verdade ou história

 

Jamais tantos aviões voaram nos ares

Tantos rios foram aprisionados

Tão grande a poluição dos mares

Tantas as árvores derrubadas

Tantos animais violentados

Tão fundo a crusta terrestre foi esventrada

Tão generalizadamente o solo conspurcado

 

Pergunta por isso o poeta…

Que responda a Ciência e os donos do Mundo!

 

Quantos mais aviões pensam por a voar?

Quanto mais auto estradas projectam abrir?

Quantas mais bombas vão fabricar?

Quanto mais petróleo planeiam queimar?

Quantos mais infelizes vão deixar morrer?

Quantos mais animais vão chacinar?

 

Pergunta por isso o poeta…

Que respondam os homens de boa vontade!

 

Quantos mais corruptos vamos eleger?

Quantas mais súplicas continuaremos a ignorar?

Quantos mais gritos de revolta iremos abafar?

 

Já a Terra revoltada se alevanta

As tempestades já soam a holocausto

As ondas do mar rebentam de raiva incontida

Com fragor de terramoto e tsunami

O trovão do Apocalipse já martela os ouvidos

Da Humanidade enlouquecida

 

O coração da legião dos famintos

E dos moribundos excluídos do mundo

Entoa já em tétrico silêncio

Acordes de “dies irae”

 

De ira são os dias que se avizinham…

Oh homens e mulheres de boa vontade!

Promovei desde já a mudança!

Dies ira … dias de Ira

Dies ila …dias de Esperança

 

Vale de Salgueiro, 6 de Dezembro de 2007

 

Henrique António Pedro

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Vem de mão dada com a primavera



Vem de mão dada com a Primavera

Ambas de mil flores engrinaldadas

De aromas campestres perfumadas

Encantado poeta as espera

 

Cantam amor e paz em toda a Terra

Entoando as mais belas baladas

Com as aves canoras afinadas                                               

São musas da poesia mais vera

 

Surgem lindas pelo amanhecer

A Primavera, a mulher amada

Primeiro amor em nós a nascer

 

Primavera! Poesia! Mulher!                              

Que lindas e alegres aliadas!

O poeta sonha. Deus assim quer!

 

Vale de Salgueiro, 12 de Abril de 2008

Henrique António Pedro                                                      

 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Eu sou apenas um



Eu Sou apenas um:

- Eu!

 

Sou “eu”

Um

Uno

Mas muitos “meus eus” eu sou

 

Meu amor

Minha paixão

Minha dor

Meu coração

Minha saudade

Minha verdade

Minha ambição

Meu prazer

Meu olhar

Minha honra

Minha vergonha

Minha raiva

Meu ódio

Meu horror

Meu medo

Meu segredo

Meu sonho

Minha ilusão

 

Só um sou contra muitos

Em mim

 

Sou Razão

Sediada no Cérebro

E estou amarrado ao mundo

Profundo

Por mil emoções perceptíveis nas palpitações do meu Coração

 

Eu sou apenas um

Nada mais!

 

Vale de Salgueiro, domingo, 5 de Outubro de 2008

Henrique António Pedro