Há
momentos em que por momento
me
fascinam o silêncio e a solidão
Não
se trata de ficar só, abandonado
fugido
da aspereza da vida
alheado
dos sons e das cores da Natureza
Falo
do isolamento interior
do
silêncio do mundo
quando
ecos e cambiantes do Cosmos
anódinos
melhor
se espelham e ressoam dentro de mim
Sinto-me
então
sim,
só
em
confronto directo comigo mesmo
Eu
contra eu
Com
os olhos e os ouvidos
com
todos os sentidos
e
sentimentos
voltados
para dentro de mim
Falo
então comigo assim
só
com
o meu umbigo
e o
mais que consigo
é
não compreender nada
nada
ver e ouvir para lá do meu “eu”
Mas
é mais forte ainda assim
a
minha percepção de mim
daquilo
que sou
ainda
que não saiba o que faço
nem
tão pouco onde estou
E melhor
assim percebo que existo
qual
das ilusões eu não sou
E
acredito
que
bastará uma instantânea eternidade
de
silêncio e solidão
bem
fora deste inferno
para
perceber o Eterno
Vale de Salgueiro, 2 de Maio 2008
Henrique António Pedro