Estou
deserto de regressar
Mas
não deserto
Desperto
Continuo
a sonhar
De
novo me ausento
Para
o deserto profundo
O
único lugar do mundo
Onde
somente sopra
O
vento
Aqui
melhor eu sinto
O
ciclone da saudade
Dentro
de mim a uivar
É a
voz de Huri
Que
não cessa de me chamar
É
forçoso partir
Ir
E
tornar
Se
tapo os ouvidos para não a ouvir a chamar
Abranda
o uivo do vento
Mas o
seu lamento
Mais
forte me rasga por dentro
Nada
me tira daqui
Deste
mar seco de soledade
Deserto
de ansiedade
Dunas
de solidão
Dói-me
a alma e o coração
Será
que só a morte
Me
libertaria desta triste sorte?
Não!
Da
vida a morte é termo
Não é
critério
Só o
amor e a fé em Deus
Transforma
este inferno
Em
refrigério
Daniel Monforte,
Legião Estrangeira
Algures no
Deserto do Sahara
9 de Agosto de 1955
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