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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Fósforo




Cada poema que escrevo
é um fósforo que risco
na noite dos dias
sem luz

Ouço-lhe o ruído breve
característico da ignição
tento por proteger a chama
pequenina
com a concha da mão
o tempo suficiente para acender um círio
de amor sem martírio
num outro coração

Sonhando que arde
aquece
ilumina
anima
e já ninguém mais esquece
porque se ateia
se ata
a outra e outra candeia
em cadeia

É a fogueira da poesia
a chama da ideia
a iluminar a Terra inteira

Mas oh, Deus!
Quantas vezes cada poema que escrevo
é como se fora um fósforo que risco
para acender um cigarro
a que me amarro
para deixar arder
para esquecer

E que arde
sem se ver

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 27 de Outubro de 2010
Henrique Pedro

1 comentário:

  1. Boa tarde.
    Poema perfeito. Parabéns poeta.

    Bjos
    Votos de uma óptima Terça-Feira

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