Nas terras a
norte do trópico de Câncer
Como nas
terras a sul do trópico de Capricórnio
Em que as
quatro estações do ano são bem claras e demarcadas
Quando a Primavera
explode em luz, cor e som
Plantas,
animais e humanos, transpiram sexualidade por todo o lado
Por cada poro,
de todo o jeito e trejeito
No palpitar
amoroso de cada aurícula e ventrículo
São as
borboletas que voam leves, levadas pela brisa do amor
As aves que
que abertamente entoam gorjeios de sedução
As abelhas que
poisam de flor em flor
(Oh, sublime
tentação!)
E acabam mesmo
por engravidar as flores
Como mais
tarde se verá pelo Outono
Quando as romãs
sorrirem despudoradas
E os ouriços
arreganharem os dentes aculeados
Para com dor se
libertarem das crias, castanhas
Entre os trópicos,
na chamada Zona Equatorial
Úbere da mais
exuberante biodiversidade
Ali onde o Equador
marca a linha de maior gravidez da Terra Mãe
Num sufoco de
calor, humidade e sexo aberto
Tudo está permanente
prenhe de cio, em sexo emergente
Por isso o
amor não é aí tão passionalmente ardente
Mas…
Para lá do
trópico de Capricórnio e para cá do trópico de Câncer
Nas terras em
que há Primavera
E se metem o Verão,
o Outono e o Inverno de permeio
O amor é mais
passional e impetuoso
E talvez por
isso mais dissimulado e decoroso
Apenas
explícito na estação própria para o namoro e o galanteio
Os campos
revestem-se, de propósito
De tapetes
verdes, maculados de flores
Perfuma-se o ambiente
de aromas afrodisíacos
Os riachos
murmuram cascatas de deleite
E os
adolescentes correm soltos, de mãos dadas
Leves e livres
na primavera da puberdade
E poderá mesmo
acontecer, então, o primeiro beijo
E, quem sabe?
O grito agridoce
da perda de virgindade
Que é clamor de
prazer e dor, independência e liberdade
É também pela
Primavera
Nas terras
para cá e para lá dos trópicos
Que milhares
de borboletas e mariposas
Que hibernaram
durante o longo Inverno
E toda a
classe de ventos e pólenes
Lançam maior
quantidade de feromonas no ar
E nos leitos
dos casais
Mil apelos de
acasalamento dentro e fora do matrimónio
Embora os
filhos apareçam por todos os meses zodiacais
Já não fruto
do sonho ou da paixão
Mas obras do
acaso e da ambição
E assim é, até
que no inverno da vida
A arte de amar
se envolve em lençóis mais espirituais
E assim rodam
Terra, animais, plantas e humanos
Todos em torno
do Sol
Tudo movido
por uma força maior:
- O Amor
Vale de
Salgueiro, 7 de Outubro de 2007
Henrique António
Pedro
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